A reconstituição do atropelamento que resultou na morte do agente da Operação Lei Seca, Diogo Nascimento Souza, deve acontecer na noite desta terça-feira (31), em João Pessoa. De acordo com o delegado de homicídios Reinaldo Nóbrega, os agentes que estavam na blitz no dia do ocorrido, testemunhas, motoristas que foram parados na blitz e o suspeito, Rodolpho Gonçalves Carlos da Silva, foram intimados a participar da simulação do atropelamento.
O agente de trânsito Diogo Nascimento, de 34 anos, morreu no Hospital de Emergência e Trauma no domingo (22) e foi enterrado no Cemitério do Cristo Redentor no fim da tarde da segunda-feira (23). Uma cerimônia com homenagens ao agente morto foi realizada pelos familiares e amigos.
Em nota, a defesa de Rodolpho Carlos da Silva informou que o motorista vai atender aos termos da intimação.
De acordo com o delegado do caso, o suspeito tem o direito de não comparecer e, no caso de comparecer, não participar da reconstituição do caso. O objetivo da reprodução simulada, segundo Nóbrega, é aproximar as versões relatadas com o que de fato aconteceu na noite do atropelamento.
“A cena vai ser montada da mesma forma que estava no dia do fato. Na verdade, eu quero confrontar se tudo que foi dito, se os depoimentos que foram colhidos na delegacia, coadunam com a realidade, se existe uma relação do que foi dito com o que aconteceu. O que a gente quer é que esse caso tenha uma solução”, explicou o delegado.
Além dos intimados a participar da reconstituição e da Polícia Civil, uma equipe do Instituto de Polícia Científica (IPC) deve contribuir com a reconstituição, uma vez que a reprodução simulada é um exame pericial. Equipes da Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (Semob) e da Polícia Militar também vão colaborar com os trabalhos, garantindo a segurança.
Embora a previsão da reconstituição seja de acontecer por volta das 20h (horário local) desta terça-feira (30), a realização depende da melhora da condição climática. De acordo com Reinaldo Nóbrega, é preciso que a chuva cesse para que a reconstituição aconteça, tendo em vista que as condições da simulação precisam se aproximar ao máximo das versões dadas.
Suspeito se apresentou à polícia
Rodolpho Carlos se apresentou à Polícia Civil na manhã do dia 24 de janeiro, na Central de Polícia de João Pessoa. O suspeito chegou à delegacia por volta das 8h (horário local) acompanhado de dois advogados e foi atendido pelo delegado Marcos Paulo Vilela, que informou que o jovem “se reservou o direito de permanecer em silêncio”. O motorista deixou a delegacia por volta das 11h50 (horário local).
Vilela informou que o delegado Reinaldo Nóbrega assumiu o inquérito e a expectativa é de que o trabalho seja encerrado em no máximo 20 dias, com todos os laudos anexados.
Morte encefálica
Segundo nota do hospital, a morte aconteceu por volta das 18h (horário local) do dia 22 de janeiro. Mais cedo, o hospital havia informado ter aberto um protocolo de investigação de morte encefálica.
De acordo com a nota oficial da unidade, “no início da noite, foram realizados novos exames, que mostraram não mais haver fluxo cerebral, confirmando-se, portanto, o óbito do paciente”. Na nota, o hospital informa ainda que comunicou a morte aos familiares. O agente estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com estado neurológico que era considerado gravíssimo.
Protesto de amigos
Servidores do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) realizaram na segunda-feira (23) um protesto em frente à sede do órgão em João Pessoa, interrompendo o atendimento aos usuários durante todo o dia. O Detran informou através de nota que “os usuários que tiverem processos cujos vencimentos estão previstos para este dia poderão, sem prejuízo de seus direitos, realizar os procedimentos relativos aos mesmos no próximo dia útil”.
Habeas Corpus
Ainda no domingo, a Justiça concedeu um habeas corpus que suspende o pedido de prisão temporária de Rodolpho Carlos, que dirigia o carro. A decisão foi do desembargador plantonista Joás de Brito Pereira Filho, que entendeu “não existir justa causa para justificar o cerceamento do direito de locomoção” do motorista envolvido no atropelamento.
Segundo o habeas corpus, o mandado de prisão temporária havia sido expedido no sábado pela juíza plantonista do 1º Juizado Especial Misto de Mangabeira, Andréa Arcoverde Cavalcanti Vaz.
Perícia em veículo
No final da tarde do sábado, o carro chegou na Central de Polícia Civil para ser submetido a uma perícia. A data do procedimento não foi divulgada pela polícia.
Atropelamento
O agente Diogo do Nascimento do Departamento Estadual de Trânsito da Paraíba (Detran-PB) ficou gravemente ferido na madrugada do sábado (21) e morreu no domingo (22), em João Pessoa, após ser atropelado por um motorista em um Porsche branco, durante uma blitz da Operação Lei Seca. A ação acontecia na Avenida Governador Argemiro de Figueiredo, no bairro do Bessa.
De acordo com informações da Polícia Civil, o motorista não obedeceu à ordem de parada e tentou fugir do bloqueio. Na tentativa de fuga, o condutor do veículo atropelou o agente, que foi socorrido e levado para o Hospital de Emergência e Trauma da capital, em estado grave.
Ainda no sábado, a defesa de Rodolpho Carlos informou que está empenhada em colaborar com a investigação da Polícia Civil.
G1PB