O governador Ricardo Coutinho vistoriou, nesta sexta-feira (3), algumas obras que integram o projeto de transposição das águas do Rio São Francisco, maior ação de infraestrutura hídrica do país. Inicialmente, ele visitou a Estação de Bombeamento (EBV-6), em Sertânia, no estado de Pernambuco, que já recebe as águas do São Francisco. Em seguida, foi até a cidade de Monteiro, onde visitou o açude São José e por fim, vistoriou a Barragem de Camalaú, onde um canal está sendo feito para facilitar a passagem das águas. O presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba, Gervásio Maia, auxiliares do Governo, deputados estaduais e lideranças da região também participaram da visita às obras.
Na ocasião, Ricardo Coutinho comentou que o desejo de todos é ver as águas do São Francisco chegando e resolvendo o problema da falta de água na região. Para o governador, a transposição é uma obra estruturante e que vai modificar o perfil do semiárido nordestino. “Na semana que vem, as águas chegam à Paraíba, primeiro em Monteiro e região e depois em Boqueirão, normalizando o abastecimento de toda aquela região. Em seguida, a água desce pra Acauã e vai chegar até o norte do Estado, portanto, a Paraíba vai ter daqui a uns anos uma redenção do semiárido, com uma nova porta aberta para o desenvolvimento. Fizemos nossa parte e está tudo dentro do esperado. A maior parte dos investimentos é na distribuição das águas. Temos uma vasta rede de adutoras. É importante dizer que a adutora Camalaú/São João do Tigre/Zabelê e a de Boqueirão/Barra de São Miguel/Riacho de Santo Antônio/Alcantil são obras do PAC estiagem e serão retomadas. Foram oito obras do PAC e a Paraíba foi o único Estado que cumpriu todas as obras, seis já estão prontas e duas estão em andamento”, ressaltou.
O presidente da Assembleia Legislativa, Gervásio Maia, disse que a chegada das águas do São Francisco será a realização do sonho da população que sofre com a seca. “Muitos não acreditavam, mas agora estão vendo que a Paraíba será beneficiada com as águas do Rio São Francisco. A Assembleia tem procurado dar todo o apoio possível, votando as matérias com agilidade para que o ritmo de obras pela Paraíba continue. Só na área hídrica foram mais de 1.100 km de adutoras que o Governo do Estado investiu, contribuindo assim para que a transposição se torne uma realidade nas casas dos moradores”, observou.
Já o secretário de Infraestrutura, Recursos Hídricos, Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia, João Azevedo, lembrou que o Governo do Estado executa um conjunto de obras complementares à transposição que somam cerca de R$ 1,4 bilhão. “Esperamos que toda essa estrutura hídrica esteja pronta até o final do ano, com exceção da etapa final do canal Acauã-Araçagi, que só ficará pronto no próximo ano. São cerca de R$ 1,4 bilhão investidos na segurança hídrica, são obras desde esgotamento sanitário, implantação de um grande programa de adutoras, em torno de 1.127 km de adutoras, dos quais 580 km estão associados à transposição. E são estas obras que vão permitir que as águas cheguem às residências da população”, pontuou.
Aproximadamente 96% do Projeto de Integração do Rio São Francisco está concluído. Em torno de 5,6 mil trabalhadores atuam, nesta reta final, nos dois eixos de transferência de água (Norte e Leste). São mais de 2,3 mil máquinas em operação ao longo dos 477 quilômetros de extensão do empreendimento. O projeto beneficia mais de 12 milhões de habitantes dos estados da Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará.
Entenda o caminho das águas
As águas oriundas do Programa de Integração do Rio São Francisco PISF, por meio do Eixo Leste, estão chegando neste mês de março ao alto Rio Paraíba no município de Monteiro, sendo conduzidas pelo próprio rio até a Barragem Boqueirão (Presidente Epitácio Pessoa), seguindo até a Barragem Acauã, beneficiando nesse primeiro momento aproximadamente 900 mil pessoas em toda a região do Cariri e região metropolitana de Campina Grande – um total de 44 municípios. As águas assegurarão o acesso sustentável à água de qualidade, em quantidades adequadas à manutenção dos meios de vida, do bem estar humano e do desenvolvimento socioeconômico.
O primeiro manancial a receber as águas do PISF será a Barragem de Poções, o qual já poderá atender as necessidades da população do município de Monteiro, uma vez que a cidade já possui sistema adutor com tratamento da água.
Pelo caminho das águas no Rio Paraíba, a Companhia de Água e Esgoto da Paraíba – Cagepa já projetou e está executando obras de caráter emergencial, como uma estrutura de captação no leito do rio para integrar-se ao Sistema Adutor do Congo, uma vez que o manancial que abastece esse sistema adutor encontra-se em colapso. A expectativa é que as obras sejam finalizadas em até no máximo 30 dias, beneficiando aproximadamente 58 mil habitantes nos municípios de Monteiro, Sumé, Serra Branca, São João do Cariri, Amparo, Prata, Ouro Velho, Coxixola, Gurjão, Santo André, Parari, São José dos Cordeiros e Livramento.
Em seguida, a água do São Francisco segue pelo Rio Paraíba passando pelas Barragens Camalaú e Boqueirão. Estima-se que esse trajeto de aproximadamente 130 km leve em torno de 30 a 45 dias.
Com a chegada das águas à Barragem de Boqueirão, o qual se encontra com apenas 4,0% da sua capacidade de acumulação, as águas do Rio São Francisco já beneficiarão aproximadamente 716 mil habitantes, em um total de 18 municípios: Barra de Santana, Caturité, Queimadas, Pocinhos, Lagoa Seca, Matinhas, São Sebastião de Lagoa de Roça, Alagoa Nova, Boqueirão, Boa Vista, Soledade, Juazeirinho, Cubati, Pedra Lavrada, Olivedos, Seridó, Cabaceiras, destacando a segunda maior cidade da Paraíba, o município de Campina Grande.
As águas ainda seguirão pelo rio até a Barragem Acauã e beneficiarão, ainda nesse primeiro momento, os sistemas adutores com captação na referida barragem, em um total de 12 cidades, aproximadamente 132 mil pessoas. Destacamos a construção do Canal das Vertentes Litorâneas que tem sua captação na referida Barragem e que com a sua conclusão beneficiará mais 630 mil habitantes.