O ex-deputado federal e ex-chefe da Casa Civil do Governo da Paraíba Inaldo Leitão é citado de um dos 201 pedidos de inquérito enviados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a instâncias judiciais inferiores, com base em delações de ex-executivos da Odebrecht que deram origem à “lista de Fachin”. O atual presidente do Conselho de Administração dos Correios é suspeito de receber R$ 100 mil em 2010, por meio de caixa dois, para uso na campanha eleitoral de Leitão à Câmara dos Deputados. Segundo os delatores, o político tinha como contrapartida o favorecimento do grupo Odebrecht caso fosse eleito.
Em resposta à TV Cabo Branco, Inaldo explica que não teve acesso aos autos do processo, mas que soube da informação de que o delator falou sobre a suposta doação. “A resposta é curta e objetiva: não fui candidato em 2010. Logo, impossível ter havido essa doação”
Leitão ainda explica que a única vez que recebeu doação da Odebrecht foi em 2002, e que esta doação foi feita de forma oficial e legal. O inquérito contra o político deverá ser conduzido na primeira instância, no Ministério Público da Paraíba (MPPB), uma vez que o ex-deputado não possui mais prerrogativa de “foro privilegiado”.
O suposto repasse ao ex-deputado, que à época era chefe da Casa Civil do Governo da Paraíba, é citado nas delações premiadas de José de Carvalho, João Antônio Pacífico Ferreira, Cláudio Melo e Benedicto Barbosa da Silva Júnior. Segundo os termos, Inaldo solicitou e recebeu, a pretexto de campanha eleitoral, R$ 100 mil com o intuito de resguardar os interesses da Odebrecht em eventual mandato de deputado federal.
Em um anexo de uma planilha do sistema interno da empresa, é citado o pagamento do valor em duas parcelas, sendo R$ 50 mil no dia 25 de agosto de 2010 e R$ 50 mil em 15 de setembro de 2010. Na relação das delações, Inaldo aparece com o codinome de “Todo Feio”.
De acordo com os depoimentos, também encontra-se a menção de uma suposta propina paga a Mikika Leitão, irmão de Inaldo Leitão e ex-deputado estadual. A menção aparece na delação de Fernando Reis. Ao G1, Mikika Leitão negou que já tenha pedido ou recebido qualquer tipo de propina e que “não conhece e nem tem contato com nenhuma pessoa da Odebrecht”.
‘Lista de Fachin’
Ao todo, 201 pedidos de inquérito foram remetidos a instâncias inferiores da Justiça Federal em todo o país. Relator da Lava Jato no Supremo, o ministro Edson Fachin também determinou a abertura de 76 inquéritos contra políticos e autoridades com base nas delações de ex-executivos da Odebrecht, informou a assessoria do STF.
O ministro enviou de volta à PGR outros 11 pedidos de investigação para nova análise. Outros 25 pedidos foram mantidos sob sigilo, por risco de atrapalhar as investigações. Foram arquivados 7 casos envolvendo autoridades, a pedido da PGR, por falta de indícios da ocorrência de crimes.
Em nota referente a todo o conteúdo das delações de ex-diretores da empresa, a Odebrecht disse entender que “é de responsabilidade da Justiça a avaliação de relatos específicos feitos pelos seus executivos e ex-executivos”.
G1 PB