Uma loja de produtos personalizados, que fica em um shopping, no Centro da Capital, está vendendo fardamentos de escolas da rede pública do Estado, que são distribuídos gratuitamente para os alunos. Além disso, a venda está sendo indicada por funcionários de escolas, a exemplo do que aconteceu na semana passada, no colégio Olivina Olívia, colégio de ensino fundamental, que fica no Centro da Capital. No último final de semana, a mãe foi ao estabelecimento, comprou a farda pelo valor de R$ 40,00 e compartilhou a foto com a reportagem do Correio.
A mãe, que não quis ser identificada, matriculou o filho no Olivina porque o marido ficou desempregado e ela não conseguiu mais pagar a mensalidade do colégio particular onde ele estudava. “No ato da matrícula recebi um kit com livros e outros materiais didáticos. Mas o fardamento, me disseram que iria atrasar e talvez nem chegasse. Quando saí da secretaria, uma funcionária me chamou e disse que, se eu quisesse a farda, procurasse essa loja, que estava vendendo. Chegando lá, não viu o fardamento exposto, mas perguntei se tinha. A vendedora foi lá dentro e trouxe a blusa. Paguei os R$ 40 e não recebi nota fiscal”, contou.
A reportagem do Correio foi até a loja e, sem saber que estava sendo observada, a vendedora entregou uma blusa, da farda do Lyceu Paraibano, para que nossa equipe observasse os detalhes do produto. A funcionária confirmou a venda e disse que a farda do Olivina já estava em falta.
Crime. Procurado pela reportagem, o secretário, Aléssio Trindade, disse que a prática é criminosa e pediu às pessoas que compraram o fardamento que procurem a ouvidoria da Secretaria de Estado da Educação. “A pessoa não precisa se identificar. Apenas precisamos de todos os elementos do que aconteceu, saber como foi essa indicação do funcionário da escola e os demais detalhes, para iniciarmos uma investigação. Isso é algo muito grave e vamos investigar”, disse. Segundo ele, a prática é considerada crime e as pessoas afetadas poderão ser reembolsadas no valor que gastou, dependendo do que for apurado.
Mesmo que não haja envolvimento de servidores e a loja tenha resolvido fabricar o fardamento por conta própria, para vender, a prática pode configura o crime de falsificação. “O Estado tem um padrão de fardamento e não permite que iniciativas privadas façam uso desse modelo. Seja o qual for o resultado da investigação, é muito provável que esteja acontecendo um crime nessa situação”, acrescentou.
Aléssio Trindade também negou a informação repassada pela funcionária do Olivina, de que haveria atraso na entrega do fardamento. “Não existe isso. Já estamos iniciando a entrega e, até mesmo esses pais que comprara, irão receber o fardamento gratuito, em tempo hábil para o exercício do ano letivo”, afirmou.
Correio da Paraíba