O cantor Wesley Safadão defende que “tem que haver uma mesclagem [de ritmos], mas, acima de tudo, tem que haver respeito” na festa de São João de Campina Grande. Antes de subir no palco do Parque do Povo na noite de domingo (18), Safadão fazia referência à polêmica dos shows de artistas do ritmo sertanejo na festa.
Apesar de dizer que não gosta de se envolver em polêmicas, Wesley Safadão falou que a discussão sobre cantores sertanejos nas festas juninas já vem sendo levantada há alguns anos. “Quando rolam algumas polêmicas eu procuro não participar. Eu cheguei a escutar por cima o áudio do Alcymar Monteiro, acho que perdeu um pouco o respeito. Eu prezo muito por isso”.
No áudio em um aplicativo de troca de mensagens, Alcymar Monteiro classificou a música feita por Marília Mendonça como um “‘breganejo’ horroroso para cachaceiro” e ainda disse: “aqui quem canta de galo é galo, galinha aqui não canta”. Após a repercussão, o artista pediu desculpa pela forma que se referiu à cantora.
Atender à vontade do público
Para ‘Safadão’, é preciso ficar atento à vontade do público. “Não tem isso de a Paraíba é do fulano ou do sicrano, todo mundo está buscando seu espaço. E se está bem, o povo quer ver e tem que trazer, mas também não pode perder o que é de essência e tradição”. No show realizado no Parque do Povo, Wesley cantou não só sucessos mais recentes, como “Ressaca de Saudade” e “Ar-condicionado no 15”, como também levou ao público canções de Alceu Valença, Dorgival Dantas, Flávio José e Tim Maia.
O cearense também falou sobre as cantoras Marília Mendonça e Elba Ramalho, que nos últimos dias fizeram declarações defendendo os segmentos que representam. Ele, que tem uma música gravada com Marília Mendonça, “Ninguém é de Ferro”, afirmou que ela faz um grande trabalho no Brasil. A cantora, em apresentação realizada no dia 10 de junho em Recife, capital de Pernambuco, disse que “vai ter sertanejo no São João, sim”.
A declaração da sertaneja foi feita após Elba Ramalho, em 3 de junho, na abertura dos festejos juninos de Caruaru, Agreste pernambucano, criticar a grade de programação do São João de Campina Grande. “Tem espaço para tudo, no céu cabem todos os artistas, ninguém atropela ninguém. Porém eu não toco na Festa de Barretos, Dominguinhos também não cantava. A festa é deles, é dos sertanejos, e eles têm bem esta coisa: essa área é nossa”, afirmou a paraibana.
Sobre Elba Ramalho, Wesley Safadão comentou sobre o que acha da carreira da paraibana. “A Elba é uma pessoa que eu, particularmente, admiro demais. Ela não perdeu a majestade. Ela tem o carinho de todos que fazem parte do segmento. Eu não sei se foi dessa forma que ela falou, mas na minha opinião, Campina Grande tem que ter, sim, Elba Ramalho, Alcymar Monteiro, mas tem que fazer uma mesclagem e não pode só trazer os novos e não trazer os antigos, os que têm uma bagagem”, explicou o cantor.
Três horas de show
O show de Wesley Safadão fez com que milhares de pessoas enfretassem mais de 1h30 nas filas para entrar no Parque do Povo. “A gente chegou antes das 19h. Acho que no final vale o esforço. Normalmente saio 22h de casa e hoje tive que fazer tudo mais cedo”, disse a coordenadora pedagógica Priscila Fernandes, de 32 anos.
A noite, que estava movimentada pelo grande número de forrozeiros, trouxe boas vendas para os comerciantes que levaram copos e bonés com as inicias “WS”. O vendedor Josimar Braga, de 45 anos, havia vendido metade do estoque de bonés antes dos shows começarem no palco principal e esperava faturar pelo menos R$ 800 até o final do show.
As irmãs Tainara Moreira, 18 anos, e Daniele Barbosa, de 34 anos, vieram de São Paulo só para ver o show do cearense. Para elas, é diferente curtir o show dele no São João. “Daqui a gente só sai quando terminar o show, não vamos nem no banheiro. É só a satisfação de ver ele de pertinho. Além dele ser lindo, também é simpático. Todo mês de junho a gente vem para o Nordeste para ver o Safadão”, explicou Daniele.
Os fãs-clubes eram numerosos no Parque do Povo. Alguns deles ficaram na porta de entrada para o acesso ao camarim com o objetivo de receber um abraço do ídolo. E quem conseguiu enfrentar a chuva e ficar até o final da apresentação parabenizou o cantor que fez quase três horas de show no Parque do Povo. Ele cantou os grandes sucessos da carreira – novos e antigos – além de brega, funk e axé. No palco principal também se apresentaram Amazan e Pedrinho Pegação.
G1