Foi empossado como prefeito de Bayeux, nesta quinta-feira (6), Luiz Antonio de Miranda (PSDB), que era vice de Berg Lima (Podemos) – gestor que foi preso e afastado do cargo nesta quarta-feira (5).
Berg Lima foi preso em flagrante pelos crimes de corrupção passiva e peculato após ser flagrado recebendo dinheiro de uma suposta propina durante operação do Ministério Público da Paraíba em conjunto com a Polícia Civil. Diante do flagrante, o Tribunal de Justiça da Paraíba decidiu afastá-lo cargo de prefeito de Bayeux.
Luiz Antonio foi empossado em sessão solene na Câmara Municipal de Bayeux, nesta quinta-feira (6). Durante seu discurso, ele declarou que vai abrir as portas da Prefeitura de Bayeux para que o Tribunal de Contas do Estado (TCE), o Ministério Público da Paraíba e a Polícia Civil possam fazer todas as investigações necessárias.
“Posse é momento de festa, de alegria, mas nesse momento, a decepção e a frustração toma conta de toda cidade. Estou chocado assim como vocês, incrédulo”, disse o novo prefeito sobre a prisão de Berg Lima.
Ele ainda fez anúncios de mudanças na gestão para superar a crise pela qual o Município passa. Segundo ele, a folha de pagamento vai ser diminuída “para respeitar a lei”, uma vez que ela foi “estourada” em mais de 60%. Ele também declarou que vai abrir mão do aumento salarial dado em 2016 ao prefeito e aos secretários, o que deve representar uma economia anual de R$ 1 milhão, e que vai devolver todos os carros alugados para uso também do prefeito e dos secretários.
Além disso, Luiz Antonio vai suspender o pagamento de fornecedores, para que os contratos sejam revisados “com transparência e com o máximo de urgência, para que a máquina não pare de trabalhar”.
“Sou prefeito interino e sei da minha responsabilidade, mas acredito na capacidade do nosso povo. Não apenas desafios administrativos, mas o desencanto de uma cidade em choque. Bayeux não aceitará e nem perdoará uma nova decepção”, declarou Luiz Antonio.
Berg Lima se diz ‘vítima de uma armação política’
A assessoria de imprensa de Berg Lima enviou uma nota à imprensa, na qual ele diz estar sendo “vítima de uma armação política”, e que o prefeito confia na Justiça e vai esclarecer os fatos. Segundo a nota, Berg Lima afirma que não praticou ato ilegal contra o povo e contra a cidade. A defesa do prefeito informou ao G1 que vai pedir um habeas corpus.
Prefeito Berg Lima foi preso em flagrante
O flagrante foi realizado durante uma ação realizada pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB). O recebimento do dinheiro foi filmado, e o vídeo mostra um empresário fornecedor da prefeitura de Bayeux contando o dinheiro, que soma R$ 4 mil, e entregando ao prefeito. As informações são do promotor de Justiça e coordenador do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público da Paraíba, Octávio Paulo Neto.
O dinheiro seria uma contrapartida para que o empenho do empresário fosse liberado. Nas imagens, após a contagem do dinheiro, o prefeito faz uma ligação para um secretário, solicitando a liberação do empenho. No diálogo, o fornecedor pede a liberação do empenho. “Me dê uma ‘brechinha’ para eu trabalhar, homem, eu estou precisando de um fôlego”, diz o empresário.
“Coloque num envelope, por favor”, pede o prefeito Berg Lima antes de receber o valor da suposta propina.
Segundo o delegado Lucas Sá, não há suspeita de envolvimento de outras pessoas no esquema. Pelos crimes, Berg Lima pode ser condenado a até 24 anos de prisão. O empresário que filmou o pagamento da suposta propina a Berg Lima foi um colaborador premiado e era “vítima” das “condutas” do gestor, segundo afirmou o delegado.
“Todas as negociações tratativas, todos os valores eram pagos diretamente ao prefeito, em espécie e em mãos”, explicou o delegado.
De acordo com Lucas Sá, o empresário não receberia os valores devidos a ele se não pagasse a suposta propina solicitada pelo prefeito. “Então não existia outra conduta pra ele. Ou pagava a propina ou ficava sem receber e fechada suas empresas. Ele preferiu pagar, mas comunicar os fatos à polícia e possibilitar, então, a prisão do prefeito”, disse.
G1