O ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) deixou o Aeroporto Internacional Luís Eduardo Magalhães, em Salvador, no início da tarde desta sexta-feira (8). A aeronave decolou da capital baiana, por volta das 13h20, com destino a Brasília. A ação foi comandada pela Polícia Federal (PF), que usou um jatinho no transporte.
Geddel foi preso preventivamente (sem prazo determinado) por volta das 7h desta sexta. A prisão foi determinada pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, em uma nova fase da Operação Cui Bono, que investiga fraudes na Caixa Econômica Federal.
Geddel, que já cumpria prisão domiciliar, foi preso três dias após a PF ter encontrado R$ 51 milhões em um bunker supostamente utilizado pelo peemedebista.
O pedido de prisão foi apresentado pela PF e, posteriormente, acabou endossado pelo Ministério Público Federal (MPF). O argumento dos investigadores para solicitar que o ex-ministro retorne para a cadeia é o eventual risco de “destruição de elementos de provas imprescindíveis à elucidação dos fatos”.
Além disso, o juiz que pediu a prisão disse em documento que o exame pericial feito no valor encontrado no bunker identificou fragmentos de impressões digitais do ex-ministro.
Em nota, o advogado Gamil Föppel, responsável pela defesa de Geddel, afirmou que só vai se manifestar “quando, finalmente, lhe for franqueado acesso aos autos, especialmente aos documentos que são mencionados no decreto prisional”.
“Pesa dizer que o direito de defesa e, especialmente, as prerrogativas da advocacia, conferidas por lei, sejam tão reiteradamente desrespeitadas, impedindo-se o acesso a elementos de prova, já documentados nos autos”, escreveu o defensor no comunicado.
Prisão
A prisão de Geddel, na manhã desta sexta-feira, foi determinada pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, em uma nova fase da Operação Cui Bono, que investiga fraudes na Caixa Econômica Federal. No governo Dilma Rousseff, Geddel ocupou a Vice-Presidência de Pessoa Jurídica do banco público, indicado pelo PMDB.
Sete agentes e dois carros da PF entraram no condomínio em que Geddel mora com a família, em Salvador, às 6h. Um vendedor ambulante, que estava na região, foi levado para dentro do condomínio, possivelmente para servir de testemunha.
Geddel deixou o prédio pouco depois das 7h, no banco de trás de uma viatura da PF. Cerca de meia hora depois, o comboio policial chegou ao aeroporto Luiz Eduardo Magalhães. O ex-ministro será conduzido para Brasília (veja no vídeo acima o momento em que Geddel deixa o prédio).
As investigações da Cui Bono apontam que o peemedebista, valendo-se de seu cargo na Caixa, “agia internamente, de forma orquestrada”, para beneficiar empresas com liberações de créditos dentro de sua diretoria e fornecia informações privilegiadas para os outros integrantes “da quadrilha que integrava”, entre eles o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
A assessoria do MPF informou ainda que a nova fase da Cui Bono busca apreender provas de crimes como corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Além de Geddel, a PF também prendeu o diretor-geral da Defesa Civil de Salvador, Gustavo Ferraz – que, segundo as investigações, é ligado ao ex-ministro. Investigadores dizem que Gustavo Ferraz já foi indicado por Geddel para buscar, em 2012, valores ilícitos remetidos por Altair Alves, emissário de Eduardo Cunha.
O juiz federal de Brasília também expediu outros três mandados de busca e apreensão, todos na capital baiana. A Justiça autorizou as buscas alegando que a PF suspeita que ainda exista mais dinheiro de origem ilícita escondido pelo ex-ministro.
Os mandados de busca foram cumpridos no apartamento de Geddel e também nas residências de Gustavo Ferraz e da mãe dele.
O G1 também tentou ligar para o celular de Gustavo Ferraz, mas estava desligado. A assessoria da prefeitura de Salvador não se manifestou sobre a prisão do diretor da Defesa Civil.
Ex-ministro de Lula e Temer
Geddel Vieira Lima deixou o cargo de ministro da Secretaria de Governo em novembro de 2016. Na ocasião, ele havia sido acusado pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de tê-lo pressionado para liberar uma obra na Ladeira da Barra, área nobre de Salvador.
O peemedebista era o responsável pela articulação política do governo Temer com deputados e senadores. Ele ficou no primeiro escalão de Temer por apenas seis meses.
Depois de ter sido um crítico ferrenho de Lula no primeiro mandato do ex-presidente, Geddel baixou as armas quando o petista foi reeleito e assumiu o comando do Ministério da Integração Nacional entre 2007 e 2010. Na pasta, encampou a transposição do Rio São Francisco.
Entre 2011 e 2013, ele se tornou vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa na cota de cargos de Michel Temer. Ele se desligou do banco público pedindo exoneração pelo Twitter à então presidente Dilma Rousseff.
Formado em administração de empresas pela Universidade de Brasília, é natural de Salvador, onde foi assessor da Casa Civil da prefeitura da capital baiana entre 1988 e 1989. Em 1990, filiou-se ao PMDB, partido pelo qual foi eleito cinco vezes deputado federal.