O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse nesta sexta-feira que a munição usada para matar a vereadora Marielle Franco (PSOL) foi roubada da Polícia Federal há muitos anos. Segundo ele, um dos roubos aconteceu nos Correios da Paraíba, e outro foi cometido por um escrivão na Superintendência da PF do Rio de Janeiro, que já responde inquérito pelo crime.
O ministro afirma que a PF já abriu mais de 50 inquéritos ao longo dos anos por conta desta munição desviada. Um dos casos mais rumorosos, disse ele, é a chacina em Osasco, que foi cometida com o mesmo lote de munição. Na ocasião, 23 pessoas foram assassinadas, em agosto de 2015.
O ministro disse que a PF já designou um especialista em impressões digitais e DNA para fazer exame na munição e vai confrontar os dados com seu banco, para ver se descobre a autoria do crime. A investigação, no entanto, terá um complicador adicional. A Polícia Federal não tem o registro completo da munição que cada policial recebe ao longo da carreira, segundo disse ao GLOBO um dos mais experientes delegados da área.
Pelas informações da perícia da Polícia Civil do Rio de Janeiro, as balas que mataram Marielle faziam parte do lote UZZ-18, vendidas a Polícia Federal de Brasília em 2006. As polícias Civil e Federal vão iniciar um trabalho conjunto de rastreamento para tentar descobrir se houve desvio do material.
A vereadora foi assassinada a tiros na noite de quarta-feira após deixar o evento “Jovens Negras Movendo as Estruturas”, na Rua dos Inválidos, na Lapa. O crime aconteceu por volta das 21h30m na Rua João Paulo I, no Estácio, próximo à prefeitura do Rio. O motorista que estava com ela, Anderson Pedro Gomes, também foi morto na ação. Eles estavam acompanhados da assessora da vereadora, que foi atingida por estilhaços.