Este espetáculo teatral é baseado nos contos e “causos” do vale do Gramame. Traz em seus fundamentos as vivencias e rituais Griôs, no intuito de fortalecer a memória e identidade das populações tradicionais de nosso estado.
O vale do Gramame é um grande reduto de mestres da cultura popular, lá podemos encontrar mestres com sabedoria das ervas, de contação de histórias e causos, da poesia, da sanfona, da quadrilha junina tradicional, da pesca, mateiros, entre outros.
Neste sentido este trabalho foi resultado de uma intensa pesquisa de mapeamento, coleta, e vivências com os contadores de causos do Vale do Gramame, no intuito de elaborar um acervo documental da tradição oral das histórias e estórias do vale, na perspectiva de difundir a cultura do povo Gramamense como uma alternativa de resgate as nossas bases de identidade, percebendo como através de gerações e gerações, isto se reflete num potencial de resistência das classes subalternas ao enfrentamento da cultura de massa.
Além disto o espetáculo, em seu viés político, corrobora com a causa da preservação do Rio Gramame, principal rio que abastece os municípios da Paraíba e que constantemente sofre ameaças de destruição pela intensa poluição e ações de desmatamento.
“Griô ou Mestre(a) é todo(a) cidadão(ã) que se reconheça e seja reconhecido(a) pela sua própria comunidade como herdeiro(a) dos saberes e fazeres da tradição oral e que, através do poder da palavra, da oralidade, da corporeidade e da vivência, dialoga, aprende, ensina e torna-se a memória viva e afetiva da tradição oral, transmitindo saberes e fazeres de geração em geração, garantindo a ancestralidade e identidade do seu povo. A tradição oral tem sua própria pedagogia, política e economia de criação, produção cultural e transmissão de geração em geração” (MESTRE ALCIDES).
A peça acontece nos dias 14, 15, 21 e 22 de Abril, às 17h no Teatro Ednaldo do Egypto. Os ingressos estão sendo vendidos nas bilheterias do teatro ao preço de R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).
Sobre o espetáculo – Com três contadores de história que se desdobram em vários personagens, e um músico construindo a trilha sonora desta aventura, Guara-mamo remonta contos e causos
dos mestres e mestras do Vale do Gramame numa mescla de poesia, circo, teatro, música
e muita imaginação.
Como um mergulho num rio de águas profundas, estes contadores carregam o público a um mundo imaginário repleto de fantasias e também de verdades, com histórias que colocam em suspensão nossos conhecimentos e trazem à tona a sabedoria milenar de um povo que está na gênese de nossa sociabilidade. São quatro histórias que chamam atenção pelo seu criativo enredo, pela emoção de cada uma, e pelos seus desfechos surpreendentes.
A primeira história que foi referendada pelo Mestre Zé Pequeno, conta o caso da cebola de xem-xém. Após um sonho revelador de João Grande, irmão de Zé Pequeno, em que sua égua está morrendo devido a uma picada de cobra venenosa, acontece um inusitado fato, que pode mudar o destino da “bichinha”. O mesmo acontece com o cachorro de Zé Pequeno, que agora luta pela vida do bicho.
A segunda história recontada pela Mestra Judite Palhano situa-se no sec. XVIII, e fala sobre Branca Dias, a filha dos principais donos das terras onde se localizava a região que hoje é conhecida como Vale Do Gramame. Após chamar a atenção de um padre pela sua beleza, ela vive situações conflituosas no seu cotidiano.
A terceira história que foi exposta pelo Cacique Carlinhos da Tribo Tabajara, conta a situação de um pescador que foi fisgado por um peixe gigante que o levou a uma incrível aventura entre os perigos do rio e do mar. Esta história, apesar de ser de pescador é um fato verídico, um verdadeiro revisitar a cultura e sabedoria popular.
A quarta história fala sobre a Cacimba Misteriosa. Contada por “Deda”, um pescador do Vale do Gramame, esta história foi uma vivência pessoal que o deixou intrigado diante de um acontecimento quando tomava banho na tal cacimba misteriosa.
Deda, que vez ou outra gosta de tomar uma cachacinha, não hesita ao falar desse causo intrigante e engraçado.