Os réus Fagner das Chagas Silva e Jobson Barbosa da Silva Júnior foram condenados a 22 e 24 anos de prisão, respectivamente, em regime fechado, por matar a jovem Vivianny Crisley no dia 20 de outubro, em Santa Rita. O júri popular aconteceu nesta quarta-feira (16), no Fórum de Santa Rita. O crime de homicídio duplamente qualificado foi somado a sequestro e ocultação de cadáver. Os advogados informaram que vão recorrer da decisão.
O terceiro acusado, Allex Aurélio Tomás dos Santos, foi condenado a 26 anos de prisão, também em regime fechado, no dia 28 de fevereiro, em Santa Rita. No mesmo dia, Jobson Barbosa e Fagner das Chagas também iriam a júri popular, mas tiveram o julgamento adiado porque mudaram os defensores públicos por advogados particulares.
Para a família, o momento é de alívio. “Meu coração está palpitando muito e a dor cada vez aparecendo mais, cada vez que relembram a dor aumenta. Nós queremos justiça. Não traz ela de volta, mas a justiça da terra está sendo feito”, declarou Veranilde Viana.
Réus mudam depoimento
Os acusados de participarem da morte da vendedora mudaram de depoimento durante o júri. Segundo Fágner e Jobson, Vivianny não gritou para ir para casa e quem matou a vendedora foi Allex Aurélio. “Essa história é totalmente fantasiosa”, disse Jobson Barbosa, o Juninho, sobre Vivianny ter gritado para voltar para casa. “Essa história é mentira”.
Os réus afirmaram, ainda, que mentiram em depoimento, confessando o crime, porque foram torturados na Central de Polícia por cerca de 15 dias e ameaçados. Disseram que fugiram para o Rio de Janeiro com medo.
Segundo o novo depoimento dos réus, todos saíram juntos do bar à procura de outro lugar para beber, mas não encontraram nada aberto. Então foram para a casa de Jobson, sem nenhum protesto por parte da vítima.
“Em momento algum ela pediu pra ficar, ir pra casa”, afirmou Fágner, conhecido como Bebé.
Os dois ainda relataram que Allex ficou com raiva de Vivianny porque ela quebrou uma garrafa de uísque que Jobson comprou antes de sair do bar. Vivianny e Allex ficaram no carro enquanto os outros dois estavam dentro da casa, dormindo.
Os dois afirmaram que Allex entrou em casa em busca de uma chave de fenda para consertar algo no carro. Nessa hora, já estava de manhã e o carro ficou aberto, possibilitando a fuga da vítima, segundo os depoimentos. Os dois só souberam o que aconteceu quando ela já estava morta.
“Se ela quisesse sair, tinha saído”, garantiu Jobson.
Ministério Público defende morte por mais de uma pessoa
O promotor do Ministério Público da Paraíba, Márcio Gondim, defendeu que a vendedora Vivianny Crisley não foi morta por apenas uma pessoa. “É descabida a tese de que Allex o fez sozinho. Fez, mas também Jobson o fez, Fagner o fez”, pontuou Gondim.
O Ministério Público também desqualificou a mudança no depoimento dos acusados – apontando contradições entre a versão de Allex e a dos réus julgados nesta quarta-feira – e ressaltou que Vivianny foi morta com golpes de duas chaves de fenda diferentes.
“Os acusados hoje inventam um uísque que não existia até então, falam de uma tortura que não falaram até então e inventam um fato que não aconteceu”, afirmou o promotor.
Em relação à alegação dos réus de que foram torturados para confessarem o crime, a Promotoria afirmou que eles passaram por perícia médica um dia depois de prestarem depoimento à polícia e que nem Jobson nem Fágner apresentaram lesões.
O julgamento teve início às 14h20 no Fórum de Santa Rita. Todas as mulheres sorteadas para o júri popular foram negadas pela defesa dos réus. A banca de jurados ficou composta por sete homens.
O crime aconteceu no dia 20 de outubro de 2016, em Santa Rita. A jovem passou cerca de três semanas desaparecida, depois de ser vista saindo de um bar na Zona Sul de João Pessoa. A confirmação de que um corpo achado, no dia 7 de novembro, carbonizado, em uma mata em Bayeux, na Grande João Pessoa, era de Vivianny foi feita no dia 14.
Entenda o caso
Vivianny Crisley passou cerca de três semanas desaparecida, desde que foi vista saindo de um bar na Zona Sul de João Pessoa em 20 outubro de 2016. A confirmação de que um corpo achado no dia 7 de novembro carbonizado, em uma mata em Bayeux, na Grande João Pessoa, era de Vivianny foi feita no dia 14. Dois suspeitos foram presos no Rio de Janeiro e outro na Paraíba.
À época em que foram presos e ouvidos, um dos suspeitos confessou que Vivianny Crisley foi morta porque começou a gritar após pegar uma carona com os três homens na saída do bar, segundo versão de um dos acusados, Allex Aurélio Tomás dos Santos, o primeiro a ser preso. A vendedora de 29 anos foi morta com vários golpes de chave de fenda e teve o corpo queimado com ajuda de gasolina e um pneu, segundo perícia do Instituto de Polícia Científica (IPC).
A dupla presa na no dia 21 de novembro de 2016 no Rio de Janeiro, Jobson Barbosa da Silva Júnior, conhecido como Juninho, e Fágner das Chagas Silva, apelidado de Bebé, contou versões semelhantes do caso, mas contraditórias com a que foi dada por Allex no início das investigações.
Segundo eles, o trio conheceu Vivianny na noite do crime, no bar em que eles estavam e de onde saíram de carro para procurar outro lugar onde encerrar a noite. Como não acharam outro bar aberto, foram para a casa de Juninho, em Bayeux, próximo ao local onde o corpo de Vivianny foi encontrado.
Segundo os próprios suspeitos, Juninho e Allex entraram na residência, enquanto Vivianny e Bebé ficaram dentro do carro. Juninho e Allex voltaram com as chaves de fenda e atacaram Vivianny, tiraram gasolina de uma moto, colocaram um pneu de bicicleta em cima do corpo e atearam fogo.
Outra contradição apontada pela polícia no depoimento de Allex é que ele informou ter voltado ao local onde o corpo estava no dia seguinte para tocar fogo no carro usado no crime, que era roubado. Allex disse que foi até o local com um quarto homem, que chegou a ser preso, mas depois a polícia identificou que essa informação não procedia e que ele fez tudo sozinho. Por isso, o delegado vai pedir que a prisão desse quarto homem seja revogada.
De acordo com os depoimentos dos três, a motivação do crime foi mesmo o fato dela ter gritado dentro do carro e ficar ‘perturbando’ o trio para ir para casa.