Neste sábado (26), chega ao 6º dia seguido de paralisação dos caminhoneiros nas rodovias da Paraíba por conta do preço do diesel. Na noite da sexta-feira (25), presidente Michel Temer assinou o decreto determinando o uso das forças federais para liberar as rodovias e reabastecer o país com os produtos retidos nas estradas. O decreto foi publicado em edição extra do Diário Oficial da União, autorizando o emprego das Forças Armadas no contexto da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) até o dia 4 de junho.
Na última quinta-feira (24), houve anúncio de suspensão da greve dos caminhoneiros pelo Governo, mas, segundo o presidente do sindicato dos caminhoneiros na Paraíba, Emerson Galdino, disse que a paralisação continua, mesmo depois da proposta de acordo de Michel Temer. “Não há previsão de acabar”, completou. O presidente Michel Temer anunciou no início da tarde desta sexta-feira que acionou as forças de segurança nacional para garantir que as rodovias sejam desbloqueadas.
Por conta da paralisação, os serviços de transportes públicos nas cidades de Campina Grande e João Pessoa foram reduzidos. Também há problemas de abastecimento nos postos de combustíveis e o expediente em algumas repartições foram alterados. Na capital, o aeroporto ficou sem combustível para abastecer as aeronaves.
A suspensão da paralisação dos caminhoneiros havia sido anunciada pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, na noite da quinta-feira (24) depois da assinatura de um termo de acordo com integrantes de movimento dos caminhoneiros. O acordo envolve a redução de 10% no preço do diesel no período de 30 dias.
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Pontos de bloqueio
Às 10h a Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que há 21 pontos de interdição nas rodovias federais que cortam a Paraíba, 13 destes bloqueios acontecem na BR 230. Em João Pessoa, o bloqueio acontece na BR 101, na altura do km 89, próximo ao viaduto de Otizeiro. Em Santa Rita, a BR 101 está interditada no km 80,8.
Em Cabedelo, na grande João Pessoa, a interdição acontece na BR 230, nos km 3, km 6 e km 12. Ainda na região metropolitana da capital, em Bayeux, o bloqueio ocorre na BR 230 no km 35.
Em Campina Grande, a BR 230 está bloqueada em três pontos, de acordo com a PRF. As interdições acontecem nos quilômetros 143, 153 e 165 da rodovia. No município de Riachão de Bacarmarte, que fica próximo a Campina Grande o bloqueio ocorre na BR 230 no km 119.
A BR 230, que começa em Cabedelo e cruza todo o estado em direção ao Sertão, ainda está bloqueada nas cidades de Soledade, no km 213; em Santa Luzia, no km 292; em Patos, no km 331; em Pombal, no km 403; e em Marizópolis, no km 478.
No Agreste paraibano, a BR 104 está interditada em quatro pontos. Em Esperança a BR 104 está bloqueada na altura do km 94 e em Lagoa Seca nos quilômetros 118 e 120. No município de Lagoa de Roça o bloqueio na rodovia acorre no km 105.
Já a BR 412 há o bloqueio em dois trechos. Um em Sumé, no km 103 e outro em Boa Vista no km 22.
Já dentro da cidade de João Pessoa, às 10h há apenas um ponto de bloqueio, localizado na rotatória do Timbó. A informação é da Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de João Pessoa (Semob). Já em Campina Grande, o prefeito Romero Rodrigues (PSDB) divulgou um vídeo em sua rede social, na sexta-feira (25), falando sobre a situação dos transportes públicos na cidade. De acordo com o prefeito, neste sábado (26), a frota de ônibus está reduzida em 50% e no domingo (27) não haverá transporte público na cidade. “Essa medida é para permitir a tentativa de segunda-feira ter combustível”, diz.
Veja como está o transporte público
Na noite desta sexta-feira (25), o Sindicato das Empresas de Transportes Coletivos Urbanos (Sintur-JP) informou que o combustível para a circulação dos ônibus deste sábado está garantido. Contudo, o serviço de transporte público coletivo irá operar com 75% da frota, para evitar maiores danos ao sistema de transportes públicos da capital. A assessoria de imprensa da Sintur-JP afirmou que eles tem combustível suficiente para atender a população. “Disseram que a gente só teria combustível até segunda-feira, mas esta informação não procede. Estamos administrando tudo para continuar atendendo a todos”, disse a assessoria.
Veja como ficam aeroportos e trens
Não há combustível disponível para reabastecimento de aeronaves no Aeroporto Castro Pinto, segundo informou a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) na tarde desta sexta-feira. A escassez de combustível foi provocada pela greve de caminhoneiros que atinge todo país há cinco dias.
Já em Campina Grande, dos quatro voos marcados para esta sexta-feira no Aeroporto João Suassuna, dois foram cancelados.
A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), informou, por sua vez, que em virtude de um bloqueio realizado por manifestantes no início da tarde desta sexta feira na Passagem de Nível (PN) em Várzea Nova, no município de Santa Rita, a direção da Companhia decidiu suspender o tráfego ferroviário de passageiros no sentido João Pessoa a Santa Rita e vice versa. Os trens continuam circulando normalmente entre João Pessoa e Cabedelo. O sistema permanecerá assim até o encerramento da operação comercial.
Falta de Alimentos
Após seis dias de paralisação dos caminhoneiros, o comércio de alimentos começa a ficar apreensivo com o desabastecimento. Segundo o superintendente da Associação dos Supermercados da Paraíba (ASPB), Damião Evangelista, o setor de perecíveis já começa a sentir a escassez, já que a reposição é de dois em dois dias. “Depois dele, o setor que nos preocupa é o de hortifrúti”, complementou. Os alimentos não perecíveis podem durar até oito dias, mas produtos como carnes só duram até segunda (28) ou terça-feira (29).
“Há casos de caminhões que foram entregar produtos no Sertão do estado, mas não conseguiram voltar para capital porque ficaram barrados nos bloqueios mesmo com o caminhão vazio”, disse Damião. Ele ainda informou que tem frotas em João Pessoa que não conseguem sair para entregar em cidades próximas por medo de ficarem presos nos bloqueios. “Já me relataram casos de caminhonetes que só conseguem passar depois de serem vistoriadas para não passarem com nenhum tipo de produto”, completou.
A assessoria da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedurb), responsável pelo Centro de Comercialização de Agricultura Familiar (CECAF) informou que o espaço está funcionando, mas com um déficit de 50% dos comerciantes. Apesar disso, o CECAF conseguiu manter a variedade de frutas e verduras e fica aberto até às 13h ou enquanto houver alimentos disponíveis.
Atendimento em Hospitais
A Secretaria Estadual de Saúde já identificou que vai ter atraso na entrega de insulina e nos remédios de câncer. Fora isso, a secretaria garantiu o combustível para as ambulâncias. A secretaria emitiu, ainda, um comunicado aos diretores dos hospitais para usarem os recursos com moderação.
O Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), suspendeu todas as cirurgias eletivas marcadas para esta sexta-feira (25), em João Pessoa. As cirurgias de urgência e emergência continuam mantidas.
“Como as estradas em alguns locais estão interrompidos, isso está dificultando a chegada de profissionais no Hospital Universitário, já que nós temos profissionais de outros estados, de outras cidades próximas a João Pessoa”, afirmou o gerente de Ensino e Pesquisa do HU, Ângelo Melo. Ele ainda ressaltou que a suspensão é uma questão de prudência e respeito com os pacientes, para não correr o risco de haver a preparação para a cirurgia e os profissionais não aparecerem. Todas as cirurgias serão remarcadas.
As cirurgias eletivas devem voltar a acontecer normalmente na segunda-feira (28), se não houver nenhum transtorno.
Jornal da Paraíba