Na reta final da composição de seu governo, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, anunciou três novos auxiliares na quarta-feira (28) e criou um ministério turbinado para a área social, batizado de Cidadania, entregue a Osmar Terra. Esta foi a primeira escolha de um nome do MDB para o primeiro escalão do governo Bolsonaro.
Já foram confirmados até o momento 19 ministros e Bolsonaro admitiu a possibilidade de ter até 22 pastas. Isso representa um número quase 50% maior do que o anunciado durante a campanha, de 15.
Terra, que já foi ministro de Desenvolvimento Social no governo de Michel Temer, assumirá uma estrutura à qual foi somada a gestão de Esporte e Cultura. Ficará sob seu comando a gestão de programas sociais de relevância, como o Bolsa Família.
“O Bolsa Família vai ser um programa que vai estimular muito a questão da geração de emprego e renda, por orientação do presidente também, principalmente para os jovens do Bolsa Família. Vai se integrar melhor com a área de esportes”, disse, logo depois de ter sido anunciado.
Ao fim de um dia de reuniões no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), onde funciona o gabinete de transição, Bolsonaro anunciou ainda a escolha do deputado Marcelo Álvaro Antônio (PSL-MG) para o Turismo. Ele é o segundo nome do PSL, partido do presidente eleito, cujos parlamentares já haviam se queixado de falta de prestígio. Mesmo com as indicações, o DEM, sigla do futuro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, é o que tem maior número de representantes, com três nomeações.
Foram três anúncios quase que simultâneos nesta quarta (28), quando foi confirmado também o nome de Gustavo Canuto, atual secretário-executivo da Integração, para o recém-criado Ministério do Desenvolvimento Regional. Ele foi chefe de gabinete do ex-ministro Helder Barbalho (MDB), filho do senado Jader Barbalho e governador eleito do Pará.
Os nomes dos três futuros auxiliares foram anunciados em meio a uma intensa circulação de parlamentares no CCBB, em número superior ao visto ao longo do primeiro mês do governo de transição. Os escolhidos negaram que tenham sido escolhas partidárias, e sustentaram que foram indicações de bancadas ou técnicas, caso de Canuto.
Apesar da grande quantidade de nomes apresentados no mesmo dia, Bolsonaro deixou para semana que vem a definição do futuro ministro do Meio Ambiente, que havia prometido para esta quarta.
Na reta final, o nome do ex-secretário de Meio Ambiente de São Paulo, Ricardo Salles (Novo), era o mais forte, mas acabou ficando em suspenso.
Segundo Bolsonaro, o tema ficará para a próxima semana, quando ele deve concluir a formação de seu governo. Ainda estão pendentes de anúncios os ministérios de Minas e Energia, Trabalho e Meio Ambiente. As pastas de Direitos Humanos e Mulheres ainda não foram definidas se terão status de ministério. “Isso vai ser decidido [Ministério das Mulheres], houve um apelo por parte da bancada feminina. Grande parte presente aqui. Elas querem, vocês querem, o 22º ministério, das mulheres? A gente aumenta mais um ou não?”, perguntou o eleito a repórteres mulheres.
Ao comentar os anúncios feitos nesta quarta, Bolsonaro foi questionado sobre uma reportagem publicada pela Folha em agosto que citava o nome de Canuto. Na ocasião, o economista Mário Ramos Ribeiro pediu demissão do cargo de secretário-executivo do Ministério da Integração Nacional levantando suspeitas em licitações na pasta.
Segundo ele, Canuto, então chefe de gabinete, e o ministro Pádua Andrade foram “omissos” em relação ao caso.
Ribeiro fez as acusações em uma carta de demissão revelada pela Folha em 2 de agosto. “Tanto o ministro quanto o seu chefe de gabinete, Gustavo Canuto, foram omissos. Se a omissão é premeditada ou dolosa, eu não sei. Se existe prevaricação, só uma investigação policial vai dizer”, disse em entrevista à Folha publicada no dia 7 de agosto.
Uma repórter do UOL, empresa do Grupo Folha, perguntou a Bolsonaro nesta quarta-feira (28) sobre a reportagem. “Da Folha de S. Paulo? Outra pergunta, por favor”, respondeu o presidente eleito.