Imagens gravadas por moradores mostram o momento em que helicóptero da Polícia Civil é alvo de tiros no morro do Alemão, na Zona Norte do Rio, na manhã desta quarta-feira (21). Era a Operação Butano, que desarticulou quadrilha que explorava a venda de botijões de gás na região. A investida prendeu 13 pessoas até as 11h e, no confronto, mais uma vez levou tiroteio à porta da casa de quem vive em comunidades.
Nas imagens é possível ver uma bala traçante durante o sobrevoo da aeronave, na Chatuba. Agentes da 44ª DP (Inhaúma) e de especializadas atuam na região.
Especialista em segurança da TV Globo, Fernando Veloso recebeu informações de integrantes da aeronave de que o tiro não passou perto do helicóptero do Serviço Aeropolicial (Saer) da Polícia Civil. Veloso lembra que viveu situação semelhante durante seu período como chefe da corporação.
“Passei pela mesma coisa no Alemão dentro da aeronave, vi os tiros vindo em nossa direção”, disse.
Operação Butano
Policiais civis, com apoio de homens da UPP da Fazendinha, saíram para cumprir 17 mandados de prisão.
Um deles era contra Marcelo Fonseca de Souza, o Marcelo Xará. O traficante não estava no Rio e foi preso em Belém do Pará. A polícia descobriu de lá ele comandava, desde junho, o tráfico de drogas e a venda de botijões de gás em comunidades de Inhaúma, do Engenho da Rainha, de Thomaz Coelho e Del Castilho.
Antes de se mudar para Belém, Marcelo Xará passou 24 anos na cadeia, cumprindo pena por sequestro, assassinato e assalto.
Foi de dentro do presídio que, em 2009, o traficante ajudou a organizar uma invasão ao Morro dos Macacos, em Vila Isabel – quando helicóptero da PM foi derrubado a tiros, e três policiais morreram.
Quando foi solto, depois de cumprir a pena, Marcelo continuou praticando crimes, agora explorando a venda de gás e mandando coagir comerciantes. Durante as investigações, a Polícia Civil descobriu que dois policiais militares do 3º BPM (Méier) faziam parte da quadrilha. Os dois foram presos.
Na operação também foi preso Lucio Mauro Gomes, apontado pela polícia como o contador da quadrilha. Ele aparece numa conversa falando com Allan Lobo Silva, citado na investigação como o dono do depósito onde ficam os botijões vendidos pelo bando.
O contador orienta Allan a usar um cartão de crédito para disfarçar a origem do dinheiro. “Tudo que você vai ter que falar é o seguinte: ‘Estamos com um problema nela, estamos tentando resolver… enquanto isso, estou usando o cartão de crédito ou a conta bancária da minha outra empresa’”.
Segundo o delegado Roberto Cardoso, Lucio usava Allan como a única pessoa autorizada a vender gás. “Com isso, os lucros aumentaram significativamente”, afirma.
Os policiais também apreenderam drogas, uma balança e radiotransmissores.
Os presos vão responder por organização criminosa, lavagem de dinheiro, extorsão, ameaça e crimes contra o consumidor.