O trio conhecido como “Canibais de Garanhuns” foi condenado por assassinar, esquartejar, consumir e vender carne humana dentro de salgados no Agreste de Pernambuco. O júri popular terminou na noite deste sábado (15), no Recife.
Jorge Beltrão Negromonte da Silveira, Isabel Cristina Pires da Silveira e Bruna Cristina Oliveira da Silva foram julgados pelas mortes de Alexandra da Silva Falcão, 20 anos, e Gisele Helena da Silva, 31 anos, ocorridas em Garanhuns, em 2012.
A sentença começou a ser lida pelo juiz Ernesto Bezerra, que presidiu o júri popular, às 22h40. Conforme a decisão dos jurados, Jorge Beltrão terá que cumprir pena de 71 anos de reclusão.
Isabel Cristina pegou 68 anos de reclusão. Bruna Cristina foi condenada a 71 anos e 10 meses de prisão.
Os três já haviam sido condenados pelo mesmo crime contra uma jovem em Olinda, no Grande Recife. De acordo com o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), as penas desse julgamento serão somadas ao tempo de prisão estabelecido anteriormente.
O segundo julgamento chegou a ser adiado devido a ausência de um dos defensores. A sessão começou na sexta-feira (14), quando os réus foram ouvidos em plenário, e foi retomada neste sábado, com o debate entre acusação e defesa.
Os três foram condenados por duplo homicídio triplamente qualificado – por motivo torpe, com emprego de cruel e impossível a defesa da vítima -, além dos crimes de ocultação e vilipêndio de cadáver e de furto qualificado. Jorge Beltrão e Bruna Cristina respondem ainda por estelionato, sendo que Bruna ainda é acusada de falsa identidade.
O caso seria julgado em Garanhuns, mas o advogado de um dos réus entrou com uma solicitação para que o júri acontecesse em outra comarca.
Os três respondem a dois processos: um pela morte de Jéssica Camila da Silva Pereira, em maio de 2008, pelo qual foram condenados em 2014; e outro pelos dois homicídios em Garanhuns.
Primeiro dia
Na abertura do júri, o primeiro a ser ouvido foi Jorge Beltrão, que afirmou que Bruna Cristina o torturou e que ele era vítima da situação. “Tanto eu quanto Isabel fomos torturados para assumir isso aí”, afirmou. Em seguida, foram ouvidas Isabel e Bruna.
Em plenário, foi exibido um depoimento de um psicólogo falando sobre o estado de saúde de Jorge Beltrão. A promotoria de Justiça mostrou em plenário um laudo que atesta a sanidade mental dos três acusados, expedido pelo Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, afirmando que o laudo atesta a capacidade dos réus de responderem pelos próprios atos.
Segundo dia
No segundo dia, o primeiro advogado a apresentar a tese de defesa foi o de Jorge Beltrão, que mostrou laudos psiquiátricos do acusado aos jurados. O advogado informou que pediria absolvição do réu, dizendo que ele seria “inimputável” por doença mental.
Em seguida, foi vez da defesa de Isabel Cristina expor sua tese. Os advogados optaram também por alegar insanidade mental da ré, mas também afirmam que a acusada não praticou os crimes de furto, vilipêndio e ocultação de cadáver. Os últimos a apresentarem tese de defesa foram os advogados de Bruna Cristina.
Depois dos debates entre acusação e defesa, um jurado pediu o foi apresentado um vídeo com uma reportagem de TV sobre o caso dos canibais.
Condenação em 2014
No primeiro dos dois dias de julgamento, em 2014, o trio foi hostilizado ao chegar ao Fórum de Olinda e trocou acusações entre si durante os depoimentos. Eles contaram detalhes macabros da ação e uma das rés, Bruna Cristina, disse que “Jogos Mortais perdia”, ao descrever o assassinato de uma das vítimas. A ré afirmou que chegou a comer a carne da mulher por causa do ritual.
Por crimes da mesma natureza cometidos em 2008, Jorge Beltrão Negromonte da Silveira pegou 21 anos e seis meses de reclusão e um ano e seis meses de detenção, totalizando 23 anos. Já as rés Isabel Cristina Torreão Pires e Bruna Cristina Oliveira da Silva pegaram 19 anos de reclusão e um ano de detenção, totalizando 20 anos cada.