O pastor Cláudio Rodrigues, de 40 anos, foi a primeira vítima que morreu no desmoronamento de dois prédios na Muzema, Zona Oeste do Rio, a ser enterrada. Durante a cerimônia deste domingo (14), que aconteceu no Cemitério do Pechincha, vizinhos lembraram o papel dele como líder comunitário e afirmaram que ele morreu protegendo a filha Clara, de 10 anos, que sobreviveu à tragédia.
“Ele ficava até 4h ajudando a comunidade a se erguer da chuva, do caos. Ele estava cansado, voltou um pouco para casa para [depois] voltar porque a comunidade ainda sofria com a chuva, com as enchentes, com os deslizamentos [de segunda-feira]. Morreu salvando a Clara, porque quando o prédio caiu ele fez tipo um escudo, quebrou as costelas e teve um pulmão perfurado. Mesmo perfurado ele salvou a vida da sua esposa, a Adilma, que estava presa por uma viga”, disse o sobrinho de Cláudio, Bruno Rodrigues.
A filha de Cláudio, Clara Rodrigues, teve alta do Hospital da Unimed, para onde foi levada, na sexta-feira. A mulher dele, Adilma Rodrigues, de 35 anos, segue internada em estado grave no Hospital Lourenço Jorge. Cerca de 100 pessoas acompanharam o enterro.
Sob o caixão de Cláudio, que era vice-presidente da associação de moradores da Muzema, amigos colocaram a camisa do Muzema Futebol Clube, time amador no qual o pastor jogava – ele chegou a jogar profissionalmente na juventude, inclusive fora do Brasil. Alguns vizinhos utilizavam uma camisa com o rosto do pastor.
No total, o desmoronamento matou 9 pessoas. Outras 15 seguem desaparecidas e mais quatro ainda estão internadas.
G1