Tramita na Câmara Municipal de João Pessoa o projeto de lei que institui a Semana de Conscientização sobre Parto Humanizado na capital paraibana. De autoria do vereador Tanilson Soares (PSB), a proposta tem o intuito de dar maior acesso às mulheres sobre seus direitos enquanto gestantes e auxiliar em suas escolhas no momento da gravidez, combatendo assim a violência abstétrica.
Tanilson explicou que a Semana Municipal será no início do mês de maio e constará, dentre outros, de procedimentos informativos, afirmativos, educativos, organizativos, palestras, audiências públicas, exposições, conferências, visitas a fim de que a sociedade em geral, e as mulheres em particular, possam conhecer melhor a questão e debater sobre as políticas públicas e privadas voltadas ao tema.
“Precisamos pensar políticas públicas que caminhem nesse sentido de humanizar nossa saúde. Ainda há muita desinformação sobre o tema e que é preciso levar esse debate para a esfera pública. Nosso objetivo é garantir que todas as gestantes tenham acesso à informação de seus direitos, tenha autonomia para escolher entre fazer o parto normal ou cesárea. Muito além do momento do parto, elas compreenderem e terem autonomia de escolha”, defendeu o parlamentar.
O vereador lembrou que “pesquisas mostram que, mesmo quando se trata de parto normal, muitos procedimentos adotados são desnecessários e até prejudiciais. No parto humanizado nenhum procedimento é rotineiro. As intervenções são feitas apenas quando realmente necessárias e decididas com critérios rigorosos. A mulher é incentivada a se informar e a fazer suas próprias escolhas e tem que ser respeitada pela equipe de saúde envolvida no pré-natal e no parto”, falou.
Abaixo dados informações divulgadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS):
Pré-natal:
Normal – Em geral, limita-se a avaliar a saúde física da mulher e do bebê. Aspectos emocionais da gestação ficam em segundo plano. Fala-se pouco de parto.
Humanizado – Avalia a saúde física da mulher, incluindo todos os exames recomendados pela OMS, e também dá grande ênfase ao preparo emocional da mulher para o parto e a maternidade.
Início do trabalho de parto:
Normal – Difícil uma gestação que ultrapasse 40 semanas. Quando atinge esse “limite”, a mulher é internada para a indução do parto com medicamentos ou vai para a cesárea porque “passou da data”.
Humanizado – Costuma ser espontâneo, ainda que o tempo de gestação ultrapasse as 40 semanas (com consultas e exames mais frequentes após 41 semanas).
Ruptura da bolsa:
Normal – Em geral é provocada pelo médico, com uma espécie de agulha, para acelerar o trabalho de parto.
Humanizado – Costuma acontecer naturalmente, de forma espontânea, ao longo do trabalho de parto.
Duração do trabalho de parto:
Normal – É acelerada com ocitocina sintética (hormônio), que intensifica as contrações. Humanizado –
Respeita-se o ritmo natural do nascimento, que varia muito de um parto para o outro.
Posição durante o trabalho de parto:
Normal – Deitada na cama, de barriga para cima. Uma cinta presa na barriga da mulher e ligada a um aparelho (cardiotocografia) monitora as contrações e os batimentos cardíacos do bebê.
Humanizado – A mulher tem liberdade para escolher e alternar posições. Pode sentar na bola de parto, deitar na banheira, ficar de quatro sobre cama, acocorar-se nas contrações etc.
Anestesia:
Normal – No atendimento particular, é um procedimento de rotina (para todas as mulheres, ao atingirem um determinado estágio de dilatação). No serviço público, não está disponível tão facilmente.
Humanizado – É uma escolha da mulher, que é incentivada a dar preferência a métodos naturais de alívio da dor, como massagens, banhos mornos e o suporte físico e emocional de uma doula (acompanhante de parto). Quando a mulher decide pelo alívio medicamentoso, é feita uma analgesia, que tira a dor, mas não os movimentos.
Local:
Normal – Hospital (sala de parto ou centro cirúrgico).
Humanizado – Hospital (suíte de parto normal, com chuveiro, banheira e bola de parto), em casa de partos ou em casa (apenas para gestantes de baixo risco).
Episiotomia (corte no períneo):
Normal – Procedimento de rotina, feito em praticamente todos os partos normais.
Humanizado – Realizada raramente, apenas se absolutamente necessário.
Contato com o bebê após o nascimento:
Normal – O cordão umbilical é cortado imediatamente, o bebê é mostrado para a mãe e levado pelo pediatra para uma série de exames e intervenções, como a aspiração das vias aéreas superiores e a aplicação de colírio de nitrato de prata.
Humanizado – Se o bebê nasce bem (o que é o caso da maioria), a prioridade do pediatra é garantir o contato pele a pele do recém-nascido com a mãe. O bebê é apenas enxugado e coberto com panos macios, no colo da mãe. São oferecidas todas as condições para que ocorra a amamentação na primeira hora de vida. A aspiração é feita apenas se for realmente necessário. O cordão é cortado só depois que para de pulsar.
Participação da mulher:
Normal – A gestante tem uma posição passiva diante do processo do parto. É considerada uma “paciente” e, como tal, é esperado que aceite as decisões do médico, que é quem está de fato no comando da situação.
Humanizado – Compartilha a tomada de decisões com a equipe responsável pela assistência ao parto, que pode contar com médico ou parteira (enfermeira obstetra ou obstetriz). No segundo caso, o obstetra fica na retaguarda e é acionado apenas se necessário.
Assessoria de Imprensa