Dados do novo Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais 2019, divulgado pelo Ministério da Saúde esta semana, apontou que em 2018 foram registrados 42.383 casos de hepatites virais no Brasil, uma redução de 7% no período de uma década. Já na Paraíba, em 20 anos, foi notificado um total de 7.470 casos, ocupando a quinta posição entre os estados do Nordeste, sendo a hepatite do tipo A de maior ocorrência, alcançando a marca de 5.081 casos. Neste domingo (28), comemora-se o Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais.
Apesar dos números ter reduzido no país, o hepatologista do Hapvida em João Pessoa, José Eymard, alerta a população paraibana para a busca de um diagnóstico precoce, tendo em vista que, em alguns casos a doença possui sintomas inespecíficos ou assintomáticos.
“É preciso estar atento aos sintomas das hepatites virais que tendem a ser bem variáveis e a maioria dos pacientes não sentem nada, ou seja, são assintomáticos. Alguns pacientes têm o que se chama de oligossintomáticas, que é quando os sintomas são mais inespecíficos, tipo um mal estar, febre, fraqueza, indisposição. Uma fração menor apresenta o que se chama de hiquitérico, ou seja, além dos sintomas virais tem o olho amarelado, a urina escura e as fezes esbranquiçadas”, explica.
Além da apresentação dos sintomas, ou seja, do quadro clínico, José Eymard afirma que o diagnóstico das hepatites virais se dá também por meio de exames laboratoriais, provas de função hepática e sorologia para as hepatites A, B e C.
Tratamento
Diagnosticada a doença, o especialista explica como se dá o tratamento. “Para os casos de hepatite A, o tratamento é relacionado aos cuidados com os sintomas e a não consumação de alimentação gordurosa para evitar desconforto alimentar. É um tipo que não há tratamento específico, entretanto, é preciso acompanhar para que a doença não evolua. As hepatites do tipo B e C têm tratamento e existem medicações que impedem o progresso da doença”, esclarece.
Ainda segundo o boletim do Ministério da Saúde no ano de 2018, o Brasil, notificou 2.149 casos, de hepatite A, o que corresponde uma taxa de detecção de um caso por 100 mil habitantes. Em relação à hepatite B, foram registrados 13.992 casos, o que equivale a sete casos por 100 mil habitantes e no que diz respeito à hepatite C, somaram-se 26.167 casos, com a taxa de detecção de 13 casos por 100 mil habitantes.
Prevenção
Diante de tais números, o hepatologista reforça que é possível atuar no intuito de combater e prevenir a doença com algumas medidas. “No caso da hepatite A, além de buscar ações que visem medidas sanitárias, esgoto e higiene adequadas, a vacinação também é uma forma de tornar o indivíduo imune”, explica.
Ele diz ainda que no caso da hepatite B, os sujeitos devem estar atentos aos itens de manicure, material de tatuagem – tudo deve ser esterilizado ou evitado, já que a transmissão se dá por conta do sangue contaminado – e, por fim, a vacinação. “Neste caso, a criança quando nasce, antes de sair já é vacinada e o adulto também pode receber a dose da vacina posteriormente. Já em relação à hepatite C não existe vacina para imunização e as medidas preventivas devem ser as mesmas dos vírus do tipo A e B”, esclarece.
Em duas décadas
No Nordeste, os estados que mais registraram casos de hepatites virais ao longo de 20 anos – de 1999 a 31 de dezembro de 2018 – foram Bahia (22.062), Pernambuco (15.838) Ceará (11.315) e Maranhão (11.278). Em seguida vem a Paraíba, em quinto lugar, com os 7.470 casos. O estado que registrou a menor quantidade de pessoas acometidas com as hepatites virais foi Sergipe (4.271).
Em todos os estados da região Nordeste o tipo de hepatite de maior ocorrência foi a do tipo A. Sendo Pernambuco o que possui mais casos registrados, foram 10.858. A Paraíba segue ocupando a quinta posição, com 5.081 casos notificados e o Sergipe segue com o menor registro (1.480).
Já a hepatite com menor registro de ocorrência foi a do tipo D. Entre os nove estados do Nordeste, Pernambuco segue tendo o maior número de casos, um total de 51. A Paraíba ocupa o sexto lugar e registra 15 casos e o Rio Grande do Norte notificou oito casos desse tipo de hepatite em duas décadas.
Mais Números
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que as hepatites virais causam anualmente 1,7 milhões de mortes no mundo. Só no ano de 2017, no Brasil, 2.184 casos de óbitos provocados por hepatites virais foram registrados. Desse total, 1.720 mortes estavam relacionadas à hepatite C. Em decorrência da hepatite A foram registrados 22 óbitos; por hepatite B foram notificados 414 mortes e 28 óbitos por casos de hepatite D.