O Ministério Público da Paraíba (MPPB) protocolou no Tribunal de Justiça, nesta segunda-feira (13), a sexta denúncia feita com base nas investigações da Operação Calvário. No documento, 35 agentes públicos, empresários e operadores financeiros são acusados de formarem uma organização que cometeu crimes como corrupção e lavagem de dinheiro, através das atividades de organizações sociais (OSs) na saúde e educação do estado.
A denúncia foi elaborada pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) e a Comissão de Combate aos Crimes de Responsabilidade e a Improbidade Administrativa (Ccrimp).
O documento elaborado pelo MPPB, aponta que o grupo agia de forma corrupta nos bastidores dos poderes Executivo e Legislativo da Paraíba. As atividades da organização teriam sido intensificadas com a eleição de Ricardo Coutinho, preso na 7ª fase da Operação Calvário, ao Governo do Estado.
Conforme a denúncia, a organização criminosa atuava em três núcleos: político, administrativo e financeiro operacional.
Integravam o núcleo político os seguintes denunciados:
- Ricardo Vieira Coutinho – ex-governador da Paraíba
- Estelizabel Bezerra de Souza – deputada estadual
- Maria Aparecida Ramos de Meneses – ex-secretária de estado
- Márcia de Figueiredo Lucena Lira – prefeita do Conde
Faziam parte do núcleo administrativo os seguintes denunciados:
- Waldson Dias de Souza – ex-secretário de planejamento, orçamento e gestão da Paraíba
- Gilberto Carneiro da Gama – ex-procurador geral da Paraíba
- Coriolano Coutinho – irmão de Ricardo Coutinho
- José Edvaldo Rosas – ex-presidente do PSB-PB
- Cláudia Luciana de Sousa Mascena Veras – ex-secretária de Saúde da Paraíba
- Aracilba Alves da Rocha – ex-secretária de Finanças e Fazenda da Paraíba
- Livânia Maria da Silva Farias – ex-secretária de administração do Estado
- Ivan Burity de Almeida – ex-secretário de Turismo da Paraíba
Ainda estão sendo denunciados como integrantes do núcleo financeiro operacional da organização:
- Francisco das Chagas Ferreira – pessoa ligada à Waldson de Souza
- Ney Robinson Suassuna – ex-senador da Paraíba
- Geo Luiz de Souza Fontes – motorista de Gilberto Carneiro
- Bruno Miguel Teixeira de Avelar Pereira Caldas – pessoa ligada à Waldson de Souza
- Jair Éder Araújo Pessoa Júnior – sobrinho de Edvaldo Rosas
- Raquel Vieira Coutinho – irmã de Ricardo Coutinho
- Benny Pereira de Lima – pessoa ligada à Coriolano Coutinho
- Breno Dornelles Pahim Filho – pessoa ligada à família Coutinho
- Breno Dornelles Pahim Neto – pessoa ligada à família Coutinho
- Denise Krummenauer Pahim – pessoa ligada à família Coutinho
- Saulo Pereira Fernandes
- Keydison Samuel de Sousa Santiago
- Maurício Rocha Neves
- Leandro Nunes Azevedo – pessoa ligada à Livânia Farias
- Maria Laura Caldas de Almeida Carneiro
- Daniel Gomes da Silva – ex-dirigente da Cruz Vermelha
- David Clemente Monteiro Correia
- José Arthur Viana Teixeira – ex-secretário de Educação da Paraíba
- Vladimir dos Santos Neiva
- Valdemar Ábila
- Márcio Nogueira Vignoli
- Hilário Ananias Queiroz Nogueira
- Jardel da Silva Aderico
Operação Calvário
A Operação Calvário foi desencadeada em dezembro de 2018 com o objetivo de desarticular uma organização criminosa infiltrada na Cruz Vermelha Brasileira, filial do Rio Grande do Sul, além de outros órgãos governamentais.
A investigação identificou que a organização criminosa teve acesso a mais de R$ 1,1 bilhão em recursos públicos, para a gestão de unidades de saúde em várias unidades da federação, no período entre julho de 2011 até dezembro de 2018.
O que dizem os citados
O ex-governador Ricardo Coutinho declarou “que jamais seria possível um Estado ser governado por uma associação criminosa e ter vivenciado os investimentos e avanços nas obras e políticas sociais nunca antes registrados”, diz em nota.
O advogado da deputada Cida Ramos, Getúlio de Souza, afirmou deputada está muito tranquila no que tange a essa fase da operação. E quantas e quantas vezes ela for solicitada, ela irá colaborar com a Justiça, até porque ela não tem nada a esconder”, afirmou.
Em nota, a prefeita do Conde, Márcia Lucena, disse que está à disposição da Justiça para elucidar os fatos.
O advogado Francisco das Chagas Ferreira informou que está tranquilo quanto aos indícios que se referem a ele. “Nunca recebi um centavo que não tenha sido pela prestação dos meus serviços. Nunca fui sócio oculto de ninguém. Confesso que estou surpreso, mas acredito que a Justiça e o Ministério Público fazem o trabalho correto de investigar. Por isso, me apresentarei com tranquilidade e com a certeza de que provarei a minha total inocência”, disse em nota.
G1