Em menos de 24 horas, quatro mulheres foram assassinadas na Paraíba. O primeiro crime ocorreu na noite de domingo (3), no município de Pilar, na Zona da Mata Paraibana. O segundo caso aconteceu durante a tarde de segunda-feira (4), em Sousa no Sertão. Na mesma tarde, duas mulheres também foram mortas em Catolé do Rocha, no Sertão. Dos quatro crimes, dois estão sendo investigados como feminicídios.
Na zona rural de Pilar, uma mulher de 42 anos foi morta a facadas. O suspeito do crime, é o ex-companheiro da vítima, que já teria a agredido outras vezes. De acordo com o relato de familiares da mulher à Polícia Miliar, o suspeito tinha um histórico de agredir a vítima com frequência. No fim da noite do domingo, ele teria dado um golpe de faca no peito da mulher, que não resistiu e morreu. Ele não foi localizado, nem preso.
No município de Sousa, no Sertão, uma mulher de 41 anos também foi morta a facadas. O principal suspeito é o companheiro dela, um idoso de 64 anos. Ele foi preso e, à Polícia Militar, contou que a motivação do crime teria sido uma traição. O crime aconteceu na tarde de segunda-feira (4).
Testemunhas informaram à policia que a vítima entrou correndo em uma casa durante perseguição do suspeito. Quando ela ficou sem saída, ele a atingiu com cerca de sete golpes de faca. A mulher ainda conseguiu sair da casa para a rua, porém, caiu devido à gravidade dos ferimentos. Chegou a ser socorrida, mas morreu no local.
O terceiro crime foi um duplo homicídio no município de Catolé do Rocha, também no Sertão Paraibano. Duas jovens foram mortas a tiros na casa de uma amiga. Conforme a Polícia Militar, as vítimas tinham várias marcas de tiros pelo corpo.
As duas mulheres, de 18 anos, estavam consumindo bebida alcoólica na casa de uma amiga quando o crime aconteceu, segundo informações da PM. A dona da residência não estava no momento em que os corpos foram encontrados, e também não foi localizada pela polícia.
Nos primeiros quatro dias de maio, dois crimes estão sendo investigados como feminicídio, com um aumento de 100%, considerando os dados de março. — Foto: Dani Fechine/G1
Entre o primeiro crime em Pilar e as outras três mortes da tarde de segunda, no Sertão, menos de 24h se passaram. O último levantamento feito pela Secretaria de Estado de Segurança e Defesa Social (Seds) divulgado pela Lei de Acesso à Informação ao G1, mostra que no primeiro trimestre de 2020 a Paraíba contabilizou seis casos de feminicídios. Conforme o levantamento dos três primeiros meses do ano, o mês de março contabilizou o menor número de casos de feminicídio, com um caso em investigação.
Nos primeiros quatro dias de maio, dois crimes estão sendo investigados como feminicídio, com um aumento de 100%, considerando os dados de março.
Os números de feminicídio diferem do de mulheres mortas. A delegada titular da Delegacia de Homicídios de Campina Grande, Suelane Guimarães, explicou que existe um protocolo de feminicídio em que os casos de crime de homicídio, que tem como vítima uma pessoa do sexo feminino, já é considerada a qualificadora de feminicidio.
“Para caracterização desse tipo de crime a vítima tem que ser mulher e pode ter duas motivações, ou a questão de gênero, por ser mulher ou a segunda hipótese, no caso de violência doméstica, sendo então investigada todas as nuances que envolvem essas duas hipóteses, como existência de mal relacionamento conjugal, a pessoa que comete esse crime , daí então se terá melhor embasamento para qualificar como feminicidio”, disse a delegada.
A delegada da Delegacia da Mulher de Campina Grande, Maíra Araújo, relembrou que os feminicídios têm como precedentes a violência doméstica contra a mulher. “A mulher, desde a primeira agressão, deve procurar a Delegacia da Mulher para realizar exames necessários. Depois disso, é necessário solicitar a medida protetiva de urgência para tentar evitar futuras agressões, que podem chegar a um futuro feminicídio”.
Ainda segundo a delegada, é importante que a mulher não aceite nenhum tipo de violência, seja ela física, moral, psicológica, patrimonial ou sexual, e caso aconteça, procure imediatamente a delegacia mais próxima.
Com G1