A líder técnica da Organização Mundial de Saúde (OMS) Maria van Kerkhove afirmou, nesta segunda-feira (8), que a transmissão da Covid-19 por pacientes sem sintomas da doença parece ser “rara”.
“Temos alguns relatos de países que estão fazendo rastreios de contatos muito detalhados, estão seguindo casos assintomáticos, seguindo contatos e não estão encontrando transmissões secundárias. É muito raro”, disse van Kerkhove.
Ela explicou que os casos assintomáticos (de pacientes que não têm sintomas) de Covid-19 têm sido identificados ao se fazer o rastreio de contatos de pacientes que apresentam os sinais da doença.
“Mas, em alguns casos”, pontuou van Kerkhove, “quando uma segunda análise desses casos é feita, descobre-se que os pacientes tiveram, na verdade, leves sintomas da infecção”.
“Dito isso, nós sabemos que pode haver pessoas que são verdadeiramente assintomáticas e testam positivo no PCR”, declarou a líder técnica.
O teste PCR, que detecta o material do vírus em uma amostra, é considerado o “padrão ouro” para diagnóstico da doença.
Maria van Kerkhove, líder técnica do programa de emergências da OMS — Foto: Christopher Black/OMS
“Estamos constantemente olhando para esses dados e tentando obter mais informações para de fato responder a essa pergunta, [mas] ainda parece ser raro que um indivíduo assintomático transmita a doença”, completou van Kerkhove.
A especialista pediu que os países se concentrassem naqueles que têm os sinais da infecção para tentar fazer o controle do vírus.
“Se de fato acompanhássemos todos os casos sintomáticos, isolássemos esses casos, rastreássemos os contatos e colocássemos esses contatos em quarentena, haveria uma drástica redução na transmissão. Se pudéssemos nos focar nisso, iríamos nos sair muito bem em termos de suprimir a transmissão”, afirmou.
Controvérsia
Há, entretanto, controvérsia em torno das afirmações da OMS. O diretor do Instituto de Saúde Global da Universidade de Harvard, Ashish K. Jha, argumentou no Twitter que muitos pacientes disseminam o vírus (fazem o chamado “derramamento viral”) antes de aparecerem os sintomas.
Pedido por transparência
A OMS também destacou, nesta segunda-feira (8), a necessidade de transparência nos dados brasileiros sobre a pandemia.
O diretor de emergências da organização, Michael Ryan, espondeu a uma pergunta feita durante coletiva em Genebra sobre dados divulgados pelo Ministério da Saúde.
“É muito importante, ao mesmo tempo, que as mensagens sobre transparência e divulgação de informações sejam consistentes, e que nós possamos contar com os nossos parceiros no Brasil para fornecer essa informação para nós, mas, mais importante, aos seus cidadãos. Eles precisam saber o que está acontecendo”, destacou Ryan.
No domingo (7), a pasta divulgou dados divergentes sobre o número de casos e mortes por Covid-19 registrados nas 24 horas anteriores. Nesta segunda, o ministério detalhou o erro na divulgação, que incluiu 857 mortes “a mais” no balanço.
Segundo levantamento feito pelo G1 junto às secretarias estaduais de Saúde, o Brasil tem mais de 36,6 mil mortes pelo novo coronavírus.