Maria das Graças Laureano Lima entrou, na tarde desta segunda-feira (30), para a estatística de recuperados de Covid-19 na Paraíba. A idosa de 63 anos passou 109 dias internada no Hospital Clementino Fraga, em João Pessoa, e recebeu alta em meio à comemoração emocionada da equipe médica.
Foram mais de três meses de um tratamento exaustivo. A família mora na cidade de Dona Inês, localizada a quase 150 quilômetros da capital paraibana, e precisou acompanhar tudo de longe. De acordo com as informações do hospital, Dona Maria foi internada em maio com um desconforto respiratório severo, após ter sido infectada com o coronavírus.
Em poucos dias o caso evoluiu e ela teve que ser intubada. Começaria, então, uma série de complicações que faria os médicos e a família terem que lidar com o medo da perda.
Paciente do grupo de risco, além de idosa, Maria tem diabetes e hipertensão. Condições que mantiveram os médicos em alerta durante as quase 15 semanas que ela passou no hospital.
Em junho foi realizado o procedimento de traqueostomia. De acordo com o enfermeiro Danilo Falcão, que acompanhou toda internação da paciente, o procedimento é comum em quem está há mais de 14 dias intubado. Apesar de comum, é uma técnica invasiva, e causou mais um ponto agravante no tratamento de Dona Maria. Ela foi acometida de uma bactéria resistente e sofreu, ainda, com o quadro de pneumonia e uma parada cardiorespiratória.
Por causa da bactéria Maria passou a tomar uma grande quantidade de antibióticos, os medicamentos tornaram a saída da paciente do hospital inviável. Foram complicações como essa que prolongaram, em tanto tempo, o tratamento da idosa.
Com a piora do quadro, a família passou a receber orientações sobre cuidados paliativos, para o caso de perda das funções neurológicas, e foram preparadas até mesmo para o caso de Dona Maria não resistir.
Quem contou sobre os episódios foi o médico Carlo Endrigo. “Por várias vezes quase a perdemos, mas hoje ela está saindo do hospital vitoriosa. Venceu a covid e várias outras complicações. Estamos felizes por termos vencido todas as doenças que tentaram levá-la”, disse.
Além da alta, o que surpreendeu a equipe foi a capacidade de recuperação de Maria das Graças. Sempre cooperativa, todos afirmam que ela acreditava que melhoraria. Deixa o hospital sem sequelas graves no sistema neurológico e cardiovascular, mas terá que lidar com as sessões de fisioterapia, necessárias para reabilitação de pacientes que passam longos períodos acamados.
Na tarde desta segunda-feira (30), a família fez mais uma viagem ao Hospital Clementino Fraga. Dessa vez para levar Maria de volta para casa, recuperada e voltando aos movimentos que tinha antes da Covid-19. “Hoje o nosso nome é gratidão, a gente sofreu bastante, mas nunca sentimos que ela partiria. Recebemos notícias tristes, mas agradecemos por ela estar falando, dando os primeiros passos”, conta Edivânia Vicente de Lima, uma das filhas de Maria das Graças.
Quando questionada sobre o período no hospital, mesmo com as dificuldades da fala, Maria faz questão de demonstrar a gratidão. “Apesar de tudo, fui bem tratada e vou sentir saudade de toda equipe que cuidou de mim”, afirma a idosa.