O Plenário da Câmara dos Deputados decidiu, por 437 votos a 7, cassar o mandato da deputada Flordelis (PSD-RJ), acusada na Justiça de ser mandante do assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo, em junho de 2019, em Nitéroi (RJ).
A parlamentar discursou presencialmente no plenário da Câmara, nesta tarde, e afirmou que sai de cabeça erguida, caso perca seu mandato por quebra de decoro parlamentar.
Flordelis pediu aos deputados para só definir sua permanência ou não no Congresso após o julgamento do Tribunal do Júri.
— Caso saia daqui hoje, saio de cabeça erguida. Sei bem que sou inocente. Minha inocência será provada. Minha família está sendo injustiçada e sofrendo também. A Flordelis aqui está destruída, sem condições de estar aqui, mas precisei vir — disse Flordelis.
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A deputada afirmou que seus colegas na Câmara não se interessaram em ouvir sua defesa, nem mesmo o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
— O Tribunal de Júri vai me absolver e vocês, quando colocarem suas cabeças no travesseiro, vão se arrepender.
E, no final, implorou:
— Não me cassem. Vocês não têm todos os elementos necessários para pedirem minha cassação. Então, me ajudem, sejam justos e não me cassem.
O Conselho de Ética decidiu pela sua cassação, há dois meses, por 16 a 1. A deputada entrou com recurso na CCJ, mas perdeu por unanimidade.
Flordelis argumentou ainda que, se foi eleita pelo povo, que os eleitores que o tirem do mandato, na eleição de 2022, numa tentativa de reeleição. A deputada disse ser perseguida e afirmou ainda que chegou a ser chamada de “feiticeira” e também acusada de frequentar “casa de swing”.
Dois advogados dividiram a palavra no plenário em defesa de Flordelis. Repetiram que a deputada é inocente, que está sendo alvo de uma injustiça por ser negra e da favela. Um dos defensores, Jader Marques, atacou a imagem do pastor Anderson e disse que foi péssimo marido e que aliciava as filhas e até netas da deputada.
— Não é possível que o homem que amava era um estuprador, que aliciava seus filhos. Sei que é duro ouvir isso, deputada Flordelis. Quem morre é santo, é santificado. Ele agarrava as próprias netas — disse Marques.
O advogado citou um argumento que tem sido utilizado contra a deputada, no processo criminal, de que seria frequentadora de casa de swing.
— É motivo de quebra de decoro fazer swing? Não, mas todo tempo isso é tratado — afirmou o advogado.
A defesa da deputada defende que a perda do mandato seja substituída por uma suspensão de seis meses, a exemplo da pena aplicada a Daniel Silveira (PSL-RJ).
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que os advogados podem reivindicar a suspensão e anunciou que se 103 deputados endossarem um pedido de urgência nesse sentido pode ser protocolada como uma emenda ao projeto de resolução enviado pelo Conselho de Ética, que recomenda a cassação.