O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta sexta-feira (22) que a ala política do governo fez “pescaria” em busca de nomes para o seu cargo e citou o ex-secretário do Tesouro Mansueto Almeida como um dos sondados.
“Sei que o presidente não pediu isso, porque acredito que ele confia em mim e eu confio nele, mas sei que muita gente da ala politica andou oferecendo nome e fazendo pescaria”, disse o titular da Economia, ao lado de Jair Bolsonaro (sem partido), em declaração no ministério a jornalistas.
O ministro não citou nominalmente ninguém. Contudo, sabe-se que integram a ala política os ministros Ciro Nogueira (Casa Civil), Flávia Arruda (Secretaria de Governo) e João Roma (Cidadania) — todos parlamentares e defensores da solução do Auxílio Brasil de R$ 400.
Guedes foi questionado sobre rumores de que ele sairia do governo, o que negou. “Eu não pedi demissão. Em nenhum momento eu pedi demissão. Em nenhum momento o presidente insinuou qualquer coisa semelhante”, disse, categoricamente.
A respeito do fogo amigo, das sondagens para o seu lugar, disse que não necessariamente são ministros. E sinalizou que seria um movimento de pessoas contrárias ao teto de gastos.
“Existe uma legião de fura tetos, o teto é desconfortável”, disse o ministro. Pouco antes, explicou a manobra que o governo tenta fazer para mudar o cálculo do teto de gastos para abrigar o orçamento do novo Bolsa Família.
A fala a respeito da pescaria aconteceu após o que o próprio ministro chamou de ato falho. Ao anunciar o Esteves Colnago, chefe da assessoria especial na pasta, como novo secretário de Tesouro e Orçamento, Guedes falou o nome de André Esteves, do banco BTG.
Guedes explicou, então, que cometeu o ato falho, porque soube que a ala política buscou Esteves para saber se poderia “emprestar” Mansueto, economista-chefe do BTG, para o ministério.
A declaração, dada ao lado do presidente, revela que a relação entre a ala política e a equipe econômica continuará tensa.
Nas últimas semanas, diante das resistências do ministro em chegar a uma solução para o Auxílio Brasil que agradasse a ala política, auxiliares palacianos passaram a buscar “plano B” para o ministério.
Segundo relatos, a sondagem teria sido feita com o consentimento de Bolsonaro. Mansueto teria sido procurado por interlocutores, mas não aceitou a proposta.