O PL anunciou de forma oficial, por meio de nota, o cancelamento do evento para a filiação do presidente Jair Bolsonaro, que estava marcado para o próximo dia 22. Em carta, o ‘cacique’ da legenda Valdemar Costa Neto diz que decisão do adiamento se deu em comum acordo “após intensa troca de mensagens na madrugada”.
Em um segundo comunicado, o PL informou que “ainda estuda outras datas para a realização do evento, a ser anunciada oportunamente”. Bolsonaro e Costa Neto precisam chegar a um acordo sobre quem a legenda vai apoiar para o governo paulista na eleição de 2022.
Entenda a polêmica
O presidente está em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Durante a madrugada do Brasil o presidente disse que “era difícil” que a data de 22 se concretizasse já que ainda “tem muita coisa a conversar”, informou o portal G1. “Acho difícil essa data de 22. Tenho conversado com ele, e estamos em comum acordo que podemos atrasar um pouco esse casamento para que ele não comece sendo muito igual os outros. Não queremos isso.”
O evento, em Brasília, já estava sendo organizado. Durante semanas Bolsonaro negociou a filiação com o PL e o PP. Há cerca de um mês o presidente chegou a bater o martelo com o PP, do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e legenda pela qual foi filiado durante anos. Já as conversas com o PL começaram em dezembro de 2020 e se intensificaram nas últimas duas semanas.
Costa Neto chegou a acertar com Bolsonaro alguns nomes para concorrer ao Senado, como o do empresário Luciano Hang, por Santa Catarina. Mas a situação em São Paulo ainda é um complicador. Bolsonaro e Costa Neto já haviam conversado sobre a posição do PL no estado. O partido está na base do governador João Doria, adversário político do presidente. Nas conversas anteriores ao anúncio da filiação, o cacique do PL sinalizou que estaria disposto a chegar a um consenso sobre como ficaria o palanque no Estado no próximo ano, mas as declarações de Bolsonaro em Dubai surpreenderam os integrantes da legenda.
Ainda no primeiro ano de governo, Bolsonaro rompeu com a cúpula do PSL, legenda pela qual foi eleito, depois de meses de desentendimentos internos e disputas por cargos e controle de fundos. Em novembro de 2019, anunciou a criação do Aliança pelo Brasil, que não deu certo. Seu filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro (RJ), articulou a migração da família para o seu partido, Patriota, o que tampouco prosperou.
Uma das maiores bancadas da Câmara, o PL tem 43 deputados federais e 4 senadores. A aposta no partido é que a filiação de Bolsonaro deve atrair dezenas de outros parlamentares, o que permitiria à legenda aumentar as fatias dos fundos eleitoral e partidário para financiar as campanhas de 2022. Cerca de 25 deputados do PSL aguardam a filiação do presidente para trocar de partido. Na eleição de 2020 o PL recebeu mais de R$ 61 milhões do fundo partidário e R$ 117 milhões de fundo eleitoral.