O homem suspeito de danificar os equipamentos da cantora de forró Luciene Melo, após interromper show da artista, em 30 de setembro, foi indiciado. Na ocasião, o corretor de imóveis Vinicius Gutierres atrapalhou a apresentação da cantora com alto volume da música, além de levantar o motor e jogar água na banda, equipamentos e público.
“Restou demonstrado que o investigado cometeu a conduta descrita no Artigo 163, Inciso IV, do Código Penal, ao passo que destruiu, inutilizou ou deteriorou coisa alheia, com prejuízo considerável para a vítima”, afirmou o delegado Everaldo Medeiros.
O homem também foi indiciado com base no Artigo 161, que descreve o crime de expor ao perigo embarcação e prevê pena de reclusão de dois a cinco anos.
Em nota, a defesa de Vinicius Gutierres afirmou que o indiciamento não imputa culpa, nem condenação, sendo apenas o entendimento da autoridade policial após a investigação. O advogado também acrescentou que recebe a notícia com respeito e tranquilidade.
O delegado Everaldo Medeiros destacou que foram ouvidas cerca de 12 pessoas durante inquérito policial, inclusive o próprio indiciado, que responde em liberdade. Ele também explicou que após a conclusão do inquérito cabe ao Ministério Público da Paraíba aceitar ou não o indiciamento, para que então o caso seja levado para a Justiça.
Durante o processo de inquérito, a defesa entrou com uma petição para detalhar a estimativa dos danos. Segundo o documento, os equipamentos da cantora precisarão passar por manutenção técnica ou ser substituídos, e estima danos no valor de R$ 20 mil. Também ressaltam que mesmo reparados, o dano deve reduzir a idade útil do equipamento.
A cantora também afirma que teve uma despesa de R$ 15 mil para repor o show e R$ 2.800 com aluguel de novos equipamentos.
“Os meus shows continuam seguindo, porém ainda preciso alugar alguns equipamentos. Tem alguns equipamentos em manutenção e teve alguns outros, como o computador, que foi perda total. Aí só comprando outros mesmo”, afirmou Luciene Melo.
Segundo a cantora, a defesa procurou o advogado de Gutierres para fazer um acordo, que optou por não aceitar a proposta. Em resposta ao g1, o advogado do corretor de imóveis afirmou que existe a possibilidade de ressarcir a cantora e confirmou a reunião com os advogados de Luciene para discutir o assunto.
“Eu acho que ele errou demais e a gente precisa ser reparado desses danos”, disse Luciene Melo.
Entenda o caso
A cantora de forró Luciene Melo, natural de Sergipe e residente de João Pessoa, teve o show interrompido por um grupo de pessoas em uma lancha na noite deste sábado (30), em um estabelecimento em Cabedelo.
De acordo com o boletim de ocorrência, o show da artista estava sendo realizado no bar flutuante do Cibelly Mar e por determinação da Marinha do Brasil, o evento foi limitado a 200 pessoas, tendo os ingressos esgotados.
Ainda segundo o BO e vídeo publicado pela artista nas redes sociais, Vinicius Gutierres posicionou a lancha particular atrás da banda e ligou o equipamento de som em alto volume, atrapalhando o show da cantora.
Luciene pediu para que o homem baixasse o som ou se afastasse do local para que o evento continuasse, mas ele levantou o motor e jogou água no evento, molhando equipamentos, público e banda.
O show precisou ser suspenso antes do horário previsto, assim, prejudicando o público.
No BO consta que diversos equipamentos da banda foram danificados pela água, como mesa de som, equipamentos de iluminação, sanfona, microfones, percussão, dois notebooks, guitarra, baixo e bateria.
No dia 3 de outubro, a defesa de Vinícius Gutierres divulgou nota em que disse que a versão de Luciene Melo não corresponde com a “integralidade da realidade dos fatos”. Além disso, informou que vai buscar órgãos competentes para “recompor a reputação e verdade dos fatos”.
A lancha utilizada para interromper o show da cantora de forró foi impedida de navegar até que o proprietário compareça para prestar depoimento, informou a Marinha, por meio da Capitania dos Portos da Paraíba (CPPB). Um procedimento administrativo será instaurado para apurar as circunstâncias e identificar o responsável por colocar em risco a segurança da navegação e a vida humana no mar.