O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mostrou desagrado com as frequentes viagens internacionais dos ministros e determinou que os membros do primeiro escalão do governo fossem orientados a evitar ou, no mínimo, a avaliar com mais critério suas idas ao exterior. Lula enfatizou a importância de que os auxiliares concentrem seus esforços em agendas nacionais, percorrendo o país e defendendo o governo, especialmente à medida que se aproxima o início da campanha para as eleições municipais.
De acordo com o Painel de Viagens, os ministros realizaram um total de 207 viagens internacionais desde o início do mandato em janeiro de 2023, com uma média de 27 dias fora do Brasil para cada um, excluindo o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. A mensagem de Lula foi transmitida pela Casa Civil, que reforçou a necessidade de foco no lançamento de ações ministeriais que possam beneficiar os candidatos a prefeito alinhados ao Planalto.
Lula também demonstrou preocupação com dois casos recentes específicos. Um deles envolveu a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, que estava nos Estados Unidos participando do Fórum Permanente da ONU sobre Questões Indígenas em abril, quando Lula tentou convocá-la para uma agenda no Brasil. Em maio, a ministra esteve na Venezuela para a assembleia do Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas da América Latina e do Caribe.
Além disso, Lula não ficou satisfeito com a quantidade de pedidos dos ministros para participar de um fórum jurídico em Lisboa, organizado pelo ministro Gilmar Mendes do Supremo Tribunal Federal. Em resposta, Lula decidiu liberar alguns ministros, incluindo Jorge Messias (AGU), Vinícius Carvalho (Controladoria-Geral da União), Anielle Franco (Igualdade Racial) e Luciana Santos (Ciência e Tecnologia).
Essas medidas refletem a intenção de Lula de manter o foco dos ministros em questões domésticas e nas necessidades eleitorais do governo, à medida que se aproxima o período eleitoral municipal.