A Polícia Civil da Paraíba está ouvindo testemunhas para esclarecer a dinâmica da invasão e o roubo de fios de cobre essenciais para a distribuição de água na Região Metropolitana de João Pessoa. O crime, que resultou no desabastecimento completo de Cabedelo, do município de Conde e de 80% de João Pessoa, afetou cerca de 760 mil pessoas.
O delegado Braz Morroni, responsável pela investigação, acredita que o crime foi planejado. “Acreditamos, pelo modus operandi utilizado, que eles já sabiam o que estavam fazendo. Inclusive, há alguns meses, ocorreu esse mesmo furto na empresa, e pela forma como foi conduzida a ação criminosa, eles já sabiam o que estavam fazendo. Também consideramos que já existe uma pessoa específica, o receptor, para receber todo o cobre”, afirmou.
A Estação Elevatória de Água Bruta de Gramame, alvo do furto, não possui câmeras de segurança e já foi roubada anteriormente. Em um episódio no primeiro semestre de 2023, fios de cobre foram levados, mas em menor quantidade, sem interromper a distribuição de água.
O primeiro caso está sob investigação da Polícia Civil de Conde, enquanto o roubo ocorrido na quarta-feira (30) está sendo apurado pela Delegacia de Crimes Contra o Patrimônio (DCCPAT). Inicialmente, pensava-se que os bandidos haviam chegado ao local em um caminhão. No entanto, segundo os depoimentos das testemunhas, não há informações concretas sobre como os criminosos acessaram a estação.
Para a fuga, o grupo roubou um veículo da empresa e um carro de um funcionário. Ambos foram abandonados e encontrados pela Polícia Civil, que os encaminhou para perícia. Testemunhas afirmaram que os criminosos pretendiam incendiar um dos veículos usados na fuga, mas o carro caiu em um barranco próximo à Estação de Água de Gramame.
As vítimas foram convocadas para prestar novos depoimentos na tarde de sexta-feira (31), para que a Polícia Civil possa obter mais detalhes sobre o crime, como as características físicas dos assaltantes, seus sotaques e outras informações relevantes. O delegado Marroni ressaltou que as equipes continuam em campo em busca de mais imagens do local e da identificação do veículo que ajudou na fuga dos assaltantes.
O presidente da Cagepa, Marcus Vinícius Neves, avaliou o prejuízo causado pelo furto em mais de R$ 1,5 milhão, levando em conta o impacto na produção de água e os transtornos gerados para a população. “Desde ontem à noite, o sistema começou a falhar em Gramame. Nós temos um sistema que identifica esses problemas, ligamos para cá, mas, nesse momento, nosso operador já estava com a arma na cabeça”, afirmou.
O delegado Braz Marroni também destacou que, embora existam dois tipos comuns de furto de fios de cobre, o que ocorreu na Estação de Água Bruta de Gramame é menos frequente. “A gente recebe mais denúncias de furto de cobre de telefonia móvel, que são quantidades menores; furtos em grande volume não são tão comuns”, explicou.
A equipe de manutenção da estação foi rendida por volta das 21h do dia do roubo, e estima-se que entre oito e dez ladrões participaram da ação. Eles levaram 450 metros de fios de cobre, causando um prejuízo imediato de R$ 180 mil. Contudo, devido à paralisação da distribuição de água, a Cagepa deixou de arrecadar cerca de R$ 1,7 milhão.
Segundo o gerente regional da Cagepa, Wallace Oliveira, a previsão é de que até o final da quinta-feira (31) o trabalho na estação de água seja concluído, com a retomada gradual do abastecimento a partir das 6h da manhã de sexta-feira (1°).